Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/. Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira, abaixo, a crônica intitulada "O Papa não é pop”:
O PAPA NÃO É POP
O Papa em Cuba. Estamos em dois mil e doze e ainda – apesar de em menor escala e em clara descendência – sob domínio financeiro, bélico e diria até moral dos Estados Unidos da América. Brasil, Japão, Alemanha, Botswana... Todos sob o domínio ianque. Mas o Papa, neste mundo dominado pelo país de Tio Sam, reza, desculpe o trocadilho, como o único não dominado e não “dominável” pelos americanos.
O Papa não abre mercado, não sucumbe às pressões e continua governando conforme seus ideais, trabalhando em prol de seu povo e não para um pequeno grupo rico que depende do que vem de fora. Em contragolpe os Estados Unidos, vis que são, traçam uma péssima imagem do Papa. O fazem como vilão, às vezes carrasco, líder de um grupo decadente e fadado ao fracasso e pobreza e que deveria ter abraçado ao milagroso capitalismo americano há muito tempo.
A imagem que aparece é de uma sociedade atrasada e de um povo desesperado por fugir e que o Papa, retrógado, governa com mãos e cabeça de ferro, com uma política de trocentos anos atrás. Estratégias essas que atrasam seu povo, não lhe dão saúde, nem educação e nem dinheiro. Os americanos só esquecem-se de falar que isso ocorre porque eles são os grandes incentivadores de uma política restritiva que não permite que nenhum outro país tenha relação comercial com a terra do Papa e que o pontífice, então, tem de fazer das tripas coração para manter seu país bem dentro de suas perspectivas. Diria que é até um milagre (o Papa estaria mais perto de Deus né, então seria possível), mas os Estados Unidos em contraponto não são o diabo (apesar da alegoria até me ser tentadora).
E o que os Estados Unidos são? São pops oras. E o Papa? Ao contrário do que disse Humberto Gessinger, o Papa não é pop! Pelo menos não esse. O Papa em Cuba. Esqueci que o Papa não está mais governando. Do Papa agora só resta o exemplo de espirito de luta, garra, e gana de lutar. Não, não falo de Hetzinger. Falo de Fidel, o último Papa.