CINEMA. TUDO SOBRE O LANÇAMENTO DO FILME "IMORTAIS"
O filme mostra a trajetória de Teseu (Henry Cavill, o novo Super-Homem), um homem de origem humilde destinado a liderar os heraclianos, contra o tirano rei Hyperion, que pretende libertar os Titãs aprisionados por Zeus. Para Teseu, a princípio, o que importa é a vingança. Ele viu sua mãe ser assassinada a sangue frio por Hyperion. O que ele não sabe é que Zeus tem outro caminho traçado para ele desde a infância.
O ponto forte do filme é a habilidade com os efeitos visuais do diretor. Em "A Cela" e "Dublê de Anjo", seus únicos dois trabalhos antes de "Os Imortais", o diretor indiano Tarsem Singh ganhou exatamente notoriedade pelo seu senso estético apurado. Em "Imortais", Singh volta a mostrar que entende de visual. Afinal, o filme pode ter seus defeitos, mas é esteticamente bem interessante.
Um desses defeitos é o desenvolvimento de seu roteiro e a maneira como ele subestima o espectador. Repleto de coincidências e saídas fáceis, o texto dos irmãos Charley e Vlas Parlapanied ignora fatos e situações que poderiam ser mais bem trabalhadas. Distâncias enormes são viajadas sem o menor esforço e personagens em lugares completamente distintos chegam aos mesmos destinos.
As incômodas coincidências são muitas vezes justificadas pela presença de um oráculo (Freida Pinto, de "Quem Quer Ser Um Milionário?"), que, sustentada em uma premissa frágil, perde sua importância lá pela metade do longa.
Outro ponto negativo fica por conta do desenvolvimento dos vilões. Mickey Rourke (e seu esquisito capacete de coelho), merecia ser mais bem explorado. Pouco se sabe sobre suas motivações ou sua história. Em determinado momento o filme até ameaça explorá-lo um pouco mais, mas logo deixa a ideia de lado para desenvolver o lado realmente imortal da história: os deuses gregos.
Mickey Rourke. Vilão poderia ser mais bem aproveitado.
Em contrapartida, "Imortais" possui excelentes sequências de ação que, com um 3D bem executado, encantam o espectador. Duas delas, a primeira protagonizada por Teseus - fortemente influenciada pelo coreano "Oldboy" (2003) - e outra com os deuses como foco, entram facilmente na lista das mais bacanas feitas nos últimos tempos.
Tarsem brinca com a velocidade e coloca alguns personagens em câmera lenta enquanto outros permanecem normais. Ao invés de trabalhar para o filme, ele faz com que o filme trabalhe para ele como um exercício estético e de linguagem de cenas de ação. Assim, "Imortais" consegue ser brilhante em alguns aspectos, mesmo que decepcione em outros.
De qualquer forma, como entretenimento, o filme funciona bem. As comparações com "300", de Zack Snyder (2006), se justificam pelo visual, pelo tema, e por algumas sequências de discursos motivadores e situações semelhantes. Para os fãs do filme estrelado por Gerard Butler, "Imortais" não deve fazer feio, mas deixa a impressão de que poderia ser mais bem trabalhado.
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