Cultura

CRÍTICA - O ROCK NACIONAL MORREU MAIS UMA VEZ?

Estão fazendo rock "como se faz campanha publicitária", com uma grande fatia de músicos destinados ao público adolescente: "querem conversar com o público de 14 a 17 anos, por exemplo. Aí vêm essas bandas 'infantilóides', quase um Menudos do terceiro milênio.

Samuel Rosa - vocalista do Skank

Aí eu lhes pergunto: Teria o rock nacional morrido (de novo)?

Vejam o que alguns criticos especializados falaram a respeito:

Atravessamos tempos em que o rock nacional encontra-se ofuscado por diversos gêneros que pipocam aos montes por aí, como o eletrônico, grande estilo da década, ou por “roqueiros” que fizeram do movimento uma modinha e mais um produto comercial, indo em direção contrária aos primórdios do gênero.

Estevão dos Anjos - Crítico do Amalgama

Para aqueles que são fãs de boas músicas, de letras tocantes e verbos rasgadamente poéticos, podemos dizer sem sombra de dúvida que nos encontramos em um limbo infinito de inutilidades no cenário do rock and roll nacional atual.

Atillas Felipe Pires - Blog rocknacional

Marcelo Nova analisa a atual geração do rock nacional e diz que há muito tempo não vê surgir uma grande banda que represente o estilo.

Marcelo Nova em entrevista à Play TV

O quarteto mineiro acaba de lançar 'Skank 91', álbum que resgata trechos de shows e canções de estúdio da década de 1990. Foto: Getty Images

Samuel Rosa: "Rock atual é 'infantilóide' e publicitário"

Opiniões postas, lhes volto à mesma pergunta: Teria morrido (de novo) o rock brazuca?

É claro que você leitor terá sua opinião na ponta da língua e parece-nos óbvio que o assunto rende pano pra manga. Por isso só vou me ater a reforçar as opiniões de Rosa, Nova, dos Anjos e Pires.

Primeiramente: Sim, o panorama atual do rock nacional é medonho! A rigor, nos últimos dez anos (salva-se a Pitty) todas - eu disse todas - as bandas de sucesso que surgiram são horríveis! Leia-se NXZero, Fresno, Restart, Cine...

Fresno. Chega a ser engraçado vê-los tentando fazer "música de qualidade"

E é fato que a música produzida por estes grupo são infantilóides e tratá-los como Menudos dos anos 2000 não é nenhum exagero. Mais preocupados com suas roupas e penteados e menos com o conteúdo a dizer essas bandas realmente tentam "dialogar" com seu público (supostamente a galera dos 13 aos 19 anos), mas não conseguem. E sabem porque não conseguem? Porque simplesmente o que eles falam pode ser tudo, menos diálogo.

Não há diferença entre o som de Michel Teló, por exemplo, para o Restart. Os dois não tem nada a dizer e está é a grande questão envolvendo os novos grupos de rock. As gravadoras, a mídia, a TV, o diabo, sei lá, decidiram que o rock deve seguir a tendência da música brasileira atual que é não forçar os neurônios de seu público, ou seja, o objetivo é fazer uma música bobinha, chiclete, fácil de entender e decorar. Ponto final.

Sem iniciativa, e espaço, alguns grupos se sujeitam a isso em troca de um punhado de grana. Contudo, sem uma arte profunda estes grupos tem validade pequena. O Restart (mais uma vez eles) são o exemplo clássico. Há dois anos abocanharam os 6 principais prêmios da MTV. Neste ano estão concorrendo (como franco azarões) a um. Daí lhes pergunto: Há quantos anos Titãs, Barão, Kid, Capital... Estão no mercado mesmo? Quem será que tem talento e profundidade aqui?

Em 2012 o Kid Abelha completa 30 anos de estrada. Atestado de talento e competência

Temos de buscar novos talentos e a mudança tem de partir do público, através de uma ferramenta que ainda é democrática: A internet. É daqui que bons grupos tem de expor sua arte, fazer sucesso e, por consequência, obrigar as gravadoras a investirem neles. Não sei se o rock nacional morreu, mas um dia desses o vi fazendo um testamento, deixando seus bens para Cazuza, Renato Russo, Raul Seixas...

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