CRÍTICA DA 13ª TEMPORADA DE 'CSI LAS VEGAS'
Cultura

CRÍTICA DA 13ª TEMPORADA DE 'CSI LAS VEGAS'


Uma das séries em TV aberta de maior sucesso no país, 'CSI Las Vegas' já está em sua 13ª temporada na TV a cabo e o Outros 300 faz uma crítica de como a trama de DB Rusell e Cia tem se saído. Leia mais acompanhando a matéria completa.

Auge da forma!
Roteirista Liz Devine escreve os melhores episódios da série desde sua criação.

Nem é nosso feitio escrever críticas de uma série que já esteja em sua metade de temporada na TV, mas é que 'CSI Las Vegas' tem me surpreendido tanto que fui obrigado a falar sobre ela. Especialmente sobre Liz Devine, roteirista da trama que parece estar no auge de sua capacidade criativa. Todos os episódios são de arrepiar, com tramas e desenrolares surpreendentes.

13ª temporada

Galera que acompanhava/acompanha na Record esqueça Grissom, Warrick ou Ray, pois na décima terceira temporada quem é o novo chefe da trupe é DB Rusell interpretado pelo "terceiro pai" de 3 solteirões e um bebê Ted Danson.

 
Ray Langston e Gil Grissom foram substituídos por DB Russell

Contudo a galera que não tem TV a cabo e por ventura resolva baixar ou assistir pela internet, fique tranquila, pois há toda uma didática apresentação dos personagens no inicio da temporada  e logo, logo você se habituará aos novos rostos sem problemas.

Elenco

Das figuras antigas ficaram os CSIs Sara, Greg, e Nick, além do Brass, Hodges e do Dr. Robbins e foram agregados ao time DB (Danson), Finn (Elisabeth Shue) e Morgan (Elisabeth Hanois).

As "Elisabeths" se saem bem e o roteiro é tão bom que a gente até aguenta as caras e bocas canastronas de Danson sem reclamar. Eric Szmanda (Greg) e Jorja Fox (Sara) estão no auge da forma (não à toa que alguns episódios são quase que somente dedicados a eles).

CSI
Os protagonistas do 13º ano, Elisabeth Shue e Ted Danson

Liz Devine

Mas o que impressiona mesmo é o roteiro. Um assassinato dentro de um avião onde todos são suspeitos, uma apresentadora de TV morta ao vivo, e outra em que a única testemunha é um cão, são só algumas das engenhosas histórias criadas pela ex CSI Liz Devine, roteirista da série desde 2007 e atual manda-chuva na área neste ano.

Não bastasse a engenhosidade na criação das histórias, o desenrolar e, principalmente, o desfecho das tramas são coesos e possíveis de acontecer, deixando-nos surpresos e boquiabertos com tamanha criatividade.

CSIs em ação no episódio "Negócio de Classe Arriscado" (O episódio do avião)

Eu, "detetive de TV" por esporte, raramente descubro o assassino antes do fim de cada episódio e algumas tramas maiores (que levam mais episódios para se desenrolarem) nos deixam curiosos pelos próximos episódios.

Não bastasse a criatividade com os crimes, Devine deu um caráter mais humano aos CSIs trazendo ao dia a dia dos detetives angústias típicas de todos nós. Romances, rivalidades, dúvidas e tristezas dos personagens estão lá junto aos misteriosos crimes e eventualmente influenciado-os.

O programa está em seu 12º episódio na TV a cabo (Canal Sony, terças, as 21hs ) e apesar disso eu sugiro que vocês comecem a acompanhá-lo daí se for possível. Vários sites disponibilizam a série, seja para ver on line, seja para baixar.

Abaixo colocamos uma entrevista que Liz Devine deu ao site Omelete. Confira:

Liz Devine
Liz Devine - A mente criativa de CSI Las Vegas

Porque você acha que CSI é tão popular ao redor do mundo?

Acredito que as pessoas gostam de mistérios, elas gostam de ver como as coisas são feitas em vez de apenas ouvir como são os procedimentos. Sei que emCSI nós não dizemos apenas que um cabelo é de uma certa pessoa. Nós damos um zoom do cabelo, mostramos sua raiz, o DNA... Acredito que todos tem um certo interesse em ciências, que gostam do mistério. Quando chegam em casa cansados depois do trabalho, eles podem ligar a TV, ouvir The Who na abertura deCSI, ver os personagens que gostam, assistir a uma história, um mistério, tentar descobrir quem é o culpado, ver as evidências, acompanhar o criminoso até a cadeia. Isso torna o programa confortável - é uma hora de entretenimento na qual sempre tentamos ensinar alguma coisa para a audiência. Não precisa necessariamente ser sobre ciências, mas deve ser algo que eles não sabiam antes. Eu realmente acredito que, mesmo após 13 anos de série, sempre vamos conseguir surpreender as pessoas com novos fatos. Acho que é por isso que as pessoas gostam de CSI, tudo ali faz sentido.

Após tanto tempo de TV, tantos casos já explorados, você acha que ainda há coisas novas a serem vistas na série?

Ficamos muito felizes quando conseguimos pensar em alguma coisa que ainda não usamos no programa. Temos pessoas contratadas exclusivamente para escrever o que chamamos de "a bíblia", que contém todos os casos, suas soluções, como foi o homicídio... Algumas vezes nós temos que consultá-la, porque acabamos esquecendo das coisas que já fizemos. Mas a 13ª temporada definitivamente terá cenas que ninguém nunca viu antes. Às vezes ouvimos sobre uma ou outra loucura nos jornais ou na internet que dariam bons episódios! Sempre haverá novas coisas a serem exploradas. Nós fizemos um episódio sobre os trending topics [assuntos do momento do Twitter] que foi bem divertido - mas nós tivemos que explicar para alguns dos roteiristas o significado disso. Até eu sei o que isso significa! [risos] Sempre que há algo novo no mundo - como Twitter, Facebook, Skype -, dá pra criar um crime que envolve o assunto. Chatroulette é uma cena do crime por si só! [risos] Muitas coisas surgiram dentro desses últimos 13 anos e, para nós, é uma grande vantagem ter tanta nova tecnologia.

Como você trata a linguagem técnica para que CSI possa atingir a todos os públicos - desde jovens até pessoas de mais idade?

Isso é muito importante, pois queremos que nossos criminalistas sejam inteligentes, então os fazemos usar terminologias específicas. Mas tudo volta à nossa politica de não falar, mas sim mostrar. Os atores vão, sim, usar termos técnicos que podem confundir a audiência, mas logo após nós mostramos exatamente o que acabamos de falar. Um bom exemplo acontece quando, durante as autópsias, mencionamos a causa da morte: embolia pulmonar - a maioria do público não sabe o que é isso. Aí nós mostramos que é como um balão dentro do pulmão que causa uma pequena explosão. Isso não significa que eles saberão o que é uma embolia pulmonar pelo resto de suas vidas mas, naquele momento, eles entenderam. Nós queremos fazer uma série inteligente, mas também não queremos deixá-la ininteligível para a maioria da audiência. Eu não acho que as pessoas que assistem CSI são burras, acho que elas são curiosas. É importante mostrar em vez de falar para que, assim, nosso público se mantenha interessado.

Você acha que crimes são naturalmente interessantes às pessoas ou isso é algo que a TV ajudou a pôr em cena?

Acho que as pessoas se interessam por mistérios. Crimes estão muito mais dominantes do que jamais foram, mas as pessoas sempre gostaram de Sherlock Holmes. Eu lia os romances de Agatha Christie quando era pequena e achava incrível. Tanto os filmes quanto a TV usam mais violência do que antigamente, mas crimes sempre foram instigantes. Ainda assim, acho que o mais interessante é o mistério e a curiosidade das pessoas no motivo de um assassinato. O acesso à diferentes histórias ficou mais fácil hoje em dia, tudo está mais visual, não é preciso usar a imaginação - o que não é tão bom quanto parece, acho que as pessoas deveriam ler mais. Mas é por isso que nós sempre queremos que nossas séries sejam lindas - por exemplo, em CSI: Miami, tudo parece uma ambiente de férias. Você quer que as pessoas se sintam naquele ambiente para que eles achem que estão, junto dos nossos personagens, ajudando a resolver um crime.

Sei que você trabalhou um tempo na perícia da polícia, mas agora está aposentada.

Sim, me aposentei.

O que fez com que você tomasse a decisão de se aposentar da polícia para dedicar sua vida à TV, escrevendo sobre as coisas com as quais lidou por tanto tempo?

Me convidaram a ajudar os roteiristas, como consultora técnica, quando a série estreou. Eu ensinava como os atores deviam se portar, como deviam agir, ajudava com os roteiros... Os escritores não sabiam como era estar em uma cena do crime, nunca estiveram presentes durante uma autópsia - e eu fiz tudo isso durante 15 anos. Eu sempre contava muitas histórias sobre meu trabalho durante a primeira temporada, até que um dia eles pediram que eu escrevesse a história ao invés de contá-la. Quando eu comecei a trabalhar em CSI, era um trabalho de meio período, o que acabou tornando minha vida bem corrida e difícil. Ao mesmo tempo que tinha que tomar conta do laboratório da perícia, tinha também que cuidar do time de roteiristas. Eu tive que tomar uma decisão: fico com o departamento de perícia ou me arrisco e vou para a TV? Foi duro para o departamento porque não tínhamos muitas pessoas... Mas eu queria dar uma chance ao lance da televisão mesmo que não desse certo. Quando tomei a decisão, apenas três episódios tinham sido exibidos. A produção começou em julho [de 2000], mas o primeiro episódio foi ao ar somente em outubro por causa das Olimpíadas, e eu me uni permanentemente ao time em novembro. Foi um risco, há uma grande segurança em se trabalhar no departamento de polícia, então eu fiquei bem nervosa. Por ter estudado muito, ter um mestrado, muitos anos de treinamento, eu sabia que se minha aventura na TV não desse certo, poderia voltar à perícia. Ninguém sabia que isso duraria 13 anos, então valeu a pena tentar.

Na 12ª temporada, Ted Danson substituiu Laurence Fishburne como o protagonista deCSI - que, por sua vez, substituiu William Petersen. Como você faz com que a audiência aceite essa troca de personagens?

É bem difícil. Os roteiristas só voltam do hiato em junho, que foi quando descobrimos que Laurence não voltaria à série. Nós sabíamos que precisávamos encontrar um novo protagonista e foi aí que começamos a trabalhar em ideias para como esse personagem poderia ser. Mas não dá pra fazer muito disso antes de se conseguir um ator - existem limitações. Quando descobrimos que havíamos conseguido Ted Danson, tivemos que repensar todo o personagem. Nós queríamos introduzi-lo na série de maneira a não parecer que estávamos substituindo Laurence, que vivia um personagem bem sombrio e pesado - e antes dele veio Grissom [personagem de Petersen], que era muito inteligente, mas não sabia lidar tão bem com pessoas. É falta de respeito ao personagem e ao ator introduzir alguém novo que é igual a eles. Então nós sabíamos que não poderíamos fazer outro Grissom ou outro Langston. A introdução de um personagem é uma das partes mais importantes - o primeiro momento pode ser decisivo. Trabalhamos duro durante semanas para descobrir como introduziríamos Ted Danson e uma das coisas que decidimos é que este personagem precisaria ser mais completo - ele tem uma vida particular que ele ama, uma família que ele ama, um trabalho que ele ama e que faz bem. Nós nunca tivemos um personagem assim. Também descobrimos, ano passado, que perderíamos Catherine Willows [a personagem de Marg Helgenberger], o que deixou tudo muito mais difícil. Para que os fãs aceitassem D.B. Russel mais facilmente, nós criamos uma conexão entre ele e Catherine - porque se ela o aceitasse, a audiência também aceitaria. Era importante mostrar uma certa hesitação da parte dela porque, como a audiência já gosta e está acostumada com ela, se relacionariam com Russell da mesma forma. Foi necessário passar por uma fase de aceitação de Ted Danson para que, então, pudéssemos apresentar a personagem de Elisabeth Shue. É como um jogo de xadrez.

Você sente falta do seu antigo trabalho?

Eu sinto a falta da adrenalina de estar em uma cena de crime e achar uma prova que é fundamental. Isso é uma das coisas mais divertidas do trabalho. Chegar a uma cena destas sem saber o que aconteceu e ter que descobrir todos os fatos é muito empolgante, desafiador. É um dos melhores trabalhos por ele nunca ser o mesmo. Às vezes as pessoas se cansam de seus empregos, a papelada, burocracia e outros aspectos. A perícia não era assim. Apesar de que, no final, quando eu estava chefiando, tive que lidar com muita burocracia. Não é tão divertido quando você está no comando. O trabalho pode ser um pouco sombrio, principalmente por ter que ver morte todos os dias - isso pode acabar te afetando. Eu tenho filhos e econtrá-los depois de presenciar todas aquelas coisas durante o dia não é tão agradável. Era difícil, mas sinto falta desse momento de descobrir a peça chave para resolver um caso.

Como vocês fazem para traduzir a "realidade" do trabalho para a televisão? Vocês têm que mudar muita coisa para explicar para o seu público, em apenas uma hora, todo esse processo?

Sim, temos que mudar bastante. Em média, leva-se de seis a oito horas para processar uma cena de crime. Se for um crime envolvendo múltiplas vítimas, pode-se levar até dois dias. Em termos de tempo, não chega nem perto. Em CSI o processamento de uma cena de crime dura um minuto do episódio inteiro, então tudo é mais curto, as análises são mais rápidas. Muito do que é feito na ciência forense é tomar notas e documentar, porque três anos depois você precisará destas anotações detalhadas. Nós não podemos mostrar essa parte, ficaria chato. Nós usamos somente as partes boas. O que mais gosto em fazer a versão para a TV é que, na real, a vítima está mesmo morta e estará sempre morta, a família permanecerá triste. Tudo isso é muito negativo. Na TV o cadáver exibido fica bem legal, os efeitos especiais e de maquiagem são incríveis, mas no fim do dia, ele se levanta e vai pra casa. Sua família estará lá o aguardando. É divertido também que [na TV] a gente sempre pega o culpado e na realidade isso nem sempre é possível. O que fazemos é pegar as partes boas - e algumas nem tanto - e fazer com que isso fique bem na TV, em 44 minutos. Ninguém assistiria o programa se demorássemos três temporadas para pegar um assassino. Até mesmo The Killing levou dois ano para pegar o culpado e as pessoas já estavam cansadas disso. O público quer descobrir o assassino e partir para o próximo caso.

Vocês levam manchetes reais ou grandes casos para a série? Como vocês lidam com isso em CSI?

Nós não tiramos os casos das manchetes como Law & Order faz - e eles fazem muito bem. Podemos usar uma ideia real, mas seu desenvolvimento será diferente. Os poucos casos que já utilizamos como inspiração no programa foram aqueles em que eu trabalhei, mas não eram casos famosos. Em CSI é preciso que o primeiro suspeito não seja o verdadeiro assassino, para que possamos trocar o foco entre os demais. Na vida real não é assim que acontece. Nós assistimos todos os tipos de programas para extrair ideias, mas não usamos um caso específico ou fazemos um episódio inteiro copiando ele.

Vocês já pensaram em introduzir um assassino que levaria muito tempo para ser pego, como em The Mentalist, por exemplo?

Quando Anthony E. Zuiker [criador de CSI] começou a série, ele tinha o Paul Millander. Era um vilão muito esperto que não foi capturado logo de cara. Se você lembrar do episódio-piloto, Millander cometeu um dos crimes, mas ele não foi pego. Hoje não fazemos muito isso, pois há apenas um certo número de vezes em que o assassino pode ser esperto, sem deixar provas. É diferente em The Mentalist, onde o assassino [Red John] nem sempre deixa provas para trás. Em CSI, se nós temos um criminoso, ele precisa deixar evidências. Se os agentes não o capturam logo, então não estão fazendo um bom trabalho. Em Sherlock, que eu adoro, existe o personagem do Moriarty, que está sempre por trás de todos os crimes, mas [na prática] isso é ridículo. Às vezes teremos algum malfeitor esperto, que não é capturado no inicio ou que acabou de escapar, mas não fazemos isso toda vez. Queremos dar ao público o que eles esperam, pois quando variamos disso, a gente ouve bastante - seja no Twitter ou no Facebook. Após 13 anos de programa, temos de manter a essência do que CSI sempre foi, pegando logo os criminosos e mantendo a expectativa em alta.

Em Castle, um escritor começa a acompanhar a polícia e escrever sobre os casos. Já em Dexter, temos um serial killer super esperto que ninguém consegue pegar. Você acha possível que isso aconteça na vida real? Existe algum assassino que esteja à solta há dez anos ou mais cometendo homicídios e ninguém saiba quem ele é?

Já aconteceu algo como em Castle - que também adoro. Eu já tive que levar um escritor a uma cena de crime, a pedido do meu chefe. Já com relação a Dexter, bem, ele mata somente outros bandidos. Isso é uma boa ideia para uma série de TV, mas não acredito que exista umserial killer tão esperto. A maioria deles têm sérios problemas mentais. No começo eles são cuidadosos, mas aí seu ego começa a aumentar e eles ficam cada vez mais loucos, como aconteceu com o famoso e antigo caso do assassino Ted Bundy, de Seattle. Ele já havia matado várias garotas e ninguém sabia, até o dia em que ele passou a correr mais riscos. A partir daí, ele deixava cada vez mais provas para trás e foi encontrado. Hoje isso é ainda mais improvável, principalmente com toda a tecnologia forense disponível. Os avanços científicos nesta área fazem com que dificilmente alguém seja tão bem sucedido assim, não se preocupem.



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