CRÍTICA DO FILME 'DJANGO LIVRE'
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CRÍTICA DO FILME 'DJANGO LIVRE'



Tarantino consegue se superar
'Django Livre' filme que narra a saga de um cowboy negro consegue ser ainda melhor do que 'Bastardos Inglórios'

'Cães de Aluguel', 'Pulp Fiction', 'Kill Bill' e principalmente 'Bastardos Inglórios'. Dono de uma imensa lista de grandes filmes e grandes sucessos, pouco se podia acreditar que o diretor nascido no Tennesse, Quentin Tarantino, ainda poderia se superar, mas ele conseguiu! 'Django Livre', filme que entrou em cartaz nos cinemas do estado neste fim de semana, é o melhor de Quentin e, com certeza, mesmo estando apenas no começo de 2013, um dos melhores do ano! Confira, abaixo, a crítica do Outros 300 a 'Django Livre', mais uma aventura histórica de Quentin Tarantino.


Uma "boa incoerência", a marca de Tarantino

Os mais antigos deverão se lembrar de Django, filme dirigido pelo também genial diretor italiano Sergio Combucci, que tinha como protagonista um cowboy branco e de olhos azuis interpretado pelo excelente Franco Nero. Pois bem, para Tarantino nada melhor que o Django dos anos 2000 ser negro e ter como parceiro um alemão. Isso mesmo: A dupla de típicos cowboys americanos de Quentin é composta por um negro e um estrangeiro. 

Esse cenário inusitado tem se tornado uma marca do diretor norte americano, uma boa incoerência, que atraí a curiosidade e mostra uma outra perspectiva de fatos banais (nestes últimos dois filmes fatos históricos), vistos de uma outra forma, sempre bem mais interessante, claro.


A estória

Tendo como pano de fundo o inicio da guerra civil entre o sul e o norte dos Estados Unidos, 'Django Livre' narra a estória do Dr. Schultz (Christoph Waltz) um caçador de recompensa que resgata um negro escravo, Django (Jamie Fox), para que ele o indique a um bando de procurados do qual só o negro conhece. Após o término do "serviço", contudo, eles decidem manter a dupla e passam a trabalhar em parceria matando procurados e angariando recompensas. Logo Django está ambientado com o serviço e passa a ser o gatilho mais rápido do sul.

Após uma série de serviços, Schultz decide ajudar Django a recuperar sua esposa, presa como escrava na fazenda Candyland, cujo dono é o cruel Monsieur Calvie Candie (Leonardo Di Caprio). Candie diverte-se promovendo luta entre negros, uma espécie de rinha humana, e Schultz e Django usam tal atração para se aproximar dele. Após serem descobertos, Django se vê numa saga de vingança, redenção e busca pela honra.


Roteiro e fotografia perfeitos.

Uma coisa é inquestionável nos filmes de Quentin Tarantino: Seus roteiros! Escritos por ele mesmo, um exímio escritor de roteiros, diga-se de passagem, seus filmes tem estórias interessantes, bem escritas e amarradas. Não há lapsos, nem buracos e tudo tem uma explicação e consequência tão inusitada quanto possível. Não é diferente em 'Django Livre', o filme tem uma estória redonda, sem absolutamente nenhum erro ou barriga, e incrivelmente consegue manter o folego preso de seus espectadores em todos os impressionantes 165 minutos de exibição. Não à toa de Tarantino desponta como favorito ao Oscar de Melhor Roteiro Original neste ano (já ganhou por Pulp Fiction em 1994).

Contudo uma coisa me surpreendeu: A fotografia. Tendo em algum momento os montes do Minnesota como fundo (última foto do artigo), a fotografia do filme de Quentin foi bela, detalhista e contribuiu muito para o filme, recheado de detalhes que muito contribuíam para a trama principal. A cena do sangue caindo, às gotas, nas rosas brancas, por exemplo, foi linda!


O mérito de fazer "galinha mortas" virarem ótimos atores

Outro mérito de Tarantino é o de conseguir fazer atores medianos (ou porque não dizer ruins mesmo) terem grande interpretações. John Travolta, Brad Pitt e agora Leonardo Di Caprio surpreenderam em papéis densos e complexos. Leo, por sua vez, já mostrara sua evolução nos filmes em parceria com Martin Scorsese, mas seu Calvin Candie foi realmente revelador.

Quentin reeditou a parceria com duas figuras conhecidas de seus filmes: Christoph Waltz (já havia trabalhado em 'Bastardos Inglórios') e Samuel L. Jackson (de 'Pulp Ficcion') e ambos valem um a parte. 

Waltz merecidamente mais uma vez concorre ao Oscar de Ator Coadjuvante. Sua interpretação do inconsequente dentista Schultz veio de encontro a tudo que o ator já havia feito antes. O tom absolutamente certo do personagem foi encontrado por ele e parece-me impossível não nos apegarmos a seu personagem. 


Esqueçam tudo o que vocês já viram de Samuel L. Jackson no cinema. O ator aparece totalmente desfigurado (foto acima) como o escravo de confiança (e puxa saco de plantão) de Candie, Stephen. Stephen logo passa a ser um dos maiores inimigos de Django, e um papel que, a princípio, parecia de segunda linha de Jackson, logo é alçado a antagonista número um do mocinho. Não consigo achar outra denominação para a atuação de Samuel se não como perfeita!


Tarantino: O injustiçado da academia.

Um mafioso italiano negro, uma samurai branca e loira (e que vence uma japonesa "original), aliados tão cruéis quando os nazistas e um cowboy negão em plena guerra abolicionista. Não é de surpreender porque Tarantino não ganha o Oscar, uma premiação que tem por característica não premiar novidades e críticas sociais. Não à toa que neste ano ele sequer concorra como Melhor Diretor, por exemplo. 

Em 'Django Livre' a ironia e sarcasmo de Quentin estavam afiadíssimos e renderam impensáveis momentos de risos da platéia do cinema. Em especial a cena da Klu Klux Kan de tigela e o racismo demasiado de Stephen renderam momentos de, acreditem, gargalhadas.

Outro ponto positivo do filme foi a trilha sonora. Misturando temas clássicos do western com rap e hip hop atuais, as canções, à medida que iam sendo executadas davam o complemento necessário a cada cena. Tudo foi pensado com muito carinho por Quentin Tarantino. 


Impressões finais

Como todo bom Tarantino deve ser prepare-se para muita violência, sangue jorrando e uma outra cena mais pesada, contudo, num todo, o filme é agradável aos olhos e mistura história, crítica social, humor e amor. Se você é do tipo de espectador que vem sem amarras ao cinema e pronto para absorver novidades eu garanto: Você irá adorar o filme!

Não quero parecer um debutante entusiasta, mas há muito tempo que não via um filme que me aguçasse tanto a todos os meus sentidos. Estou me contendo bastante para não dizer que estive em frente a um filme perfeito. Me contive. 



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