CRÍTICA DO FILME 'GRAVIDADE'
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CRÍTICA DO FILME 'GRAVIDADE'


Grande sucesso do cinema, filme protagonizado por Sandra Bullock estreou neste fim de semana no estado e a equipe do Outros 300 esteve lá para acompanhar. Confiram as nossas impressões acerca do filme lendo a crítica abaixo.

Por Sandro Bahiense

Gravidade

Por dentro e por fora
Filme é marcante por mostrar o que está por trás da história da personagem

'Gravidade' deixa de ser um filme comum quando a gente percebe que seu grande mérito é contar o que não está na tela. Toda a trama envolvendo a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) é apenas um pano de fundo de luxo para uma narrativa muito mais intrínseca e comovente, e que não está explicito na tela. Ryan tem de lutar por sua vida, mas não somente para se não perder no espaço, mas também para não se perder dentro de si mesma. Muito interessante.

A trama

A ficção científica se passa no espaço, na órbita terrestre, a 600 quilômetros de altura. Nela, uma equipe de astronautas e cientistas instala novas partes no telescópio Hubble quando chega o alerta: uma nuvem de detritos está chegando em alta velocidade à sua posição. Em minutos, toda a segurança da nave se vai - e restam apenas a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e o comandante da missão, Matt Kowalsky (George Clooney), indefesos vagando pelo espaço.


Muito mais do uma ficção científica

Os produtores de 'Gravidade' já pecam em apresentar o filme como "ficção científica", pois o filme é muito mais do que só uma mera história ocorrida no espaço. 'Gravidade' é um filme muito bem executado, principalmente quando se propõe a contar duas histórias: a que está na tela, à nossa frente, e que de fato é uma ficção científica simples, e outra que só se desenrola à medida que a personagem de Bullock percebe-se tendo de lutar para viver dentro de si mesma, absorta por acontecimentos do passado que tanto a atormentam. É a partir daí que o filme deixa de ser somente um filme de ficção científica e passa a ser um filme concorrente a Oscar. Um pulo bem grande, e um pulo bem merecido.

Isso porque na parte a que compete mostrar a ficção científica em si, Alfonso Cuarón (em excelente direção) dá um show de competência  principalmente quando sabemos que seu orçamento esteve bem abaixo da média para filmes desta natureza. 


Cuarón faz, então, o tipo de filme que costuma ser visto em baixo orçamento: apenas dois personagens que precisam superar uma situação insuperável. No entanto extrapola essa ideia - normalmente uma solução criativa minimalista para uma verba apertada -, empregando-a de forma grandiloquente. E tome visuais de tirar o fôlego (especialmente em 3D), explosões em gravidade zero e longos e aflitivos planos sem cortes que passeiam de dentro para fora dos capacetes dos personagens enquanto eles discutem sua situação.

Os takes sugestivos também são geniais. A posição fetal a qual Ryan fica quando finalmente consegue chegar à nave espacial. O justaposto do fogo com a água nas cenas de poisagem e o para quedas em forma de bandeira americana (e suas involuntárias ajudas e atrapalhos em diferentes momentos da trama, em alusão ao governo americano) são ótimas!  


Gravidade é um deleite técnico. A alternância entre som e silêncio amplifica o drama e a trilha sonora aflitiva de Steven Price entra apenas em momentos cruciais. A animação (o filme é quase que todo em computação gráfica) é perfeita e realista e a tensão é absolutamente constante, já que não há momentos de respiro. E Bullock dá um show como a astronauta novata que já perdeu tudo, mas que decide viver.

Aliás a Bullock...

Aliás a Bullock realmente deu um show como a astronauta Ryan Stone indo da mais calma, e até displicente cadete novata da Nasa, ao mais intenso e alucinante ritmo da mulher que resolve lutar por sua vida.


Contracenar com si própria é um exercício de grande perícia e Sandra mostrou-se muito capaz de tamanha execução. Sua atuação foi convincente e, principalmente, surgiu como uma bonita extensão da direção de Cuarón e literal exploração do roteiro do filme.

Crítica

'Gravidade' não é um filme empolgante, mas é um filme que te cativa por contar duas histórias como tamanha fidelidade e sutileza que te coloca dentro da nave especial, dentro da vida de Ryan Stone e a par de todas as intenções de Alfonso Cuarón sem nem ao menos perceber.


De fato o filme se gabarita a concorrer ao Oscar em várias categorias e temo muito que a distância entre a estreia do filme e a grande cerimônia do cinema esfrie as possibilidades de 'Gravidade' concorrer em pé de igualdade com seus adversários, pois o filme merece muito boa sorte no Oscar.



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