CRÍTICA DO FILME 'MEU PASSADO ME CONDENA'
Cultura

CRÍTICA DO FILME 'MEU PASSADO ME CONDENA'


Baseado na série homônima, 'Meu Passado Me Condena - O Filme' estreou neste fim de semana nos nossos cinemas e a equipe do Outros 300 esteve lá para assistir. Confira abaixo as nossas impressões sobre o filme.

Por Sandro Bahiense

Meu Passado Me Condena - O Filme

A cara do descompromisso
Sem grande pretensões, filme peca por exageros ou omissões

Evidentemente que o ano de 2013 foi os das comédias covardes no cinema nacional. Como assim? Com medo de perder o investimento, produtores só injetam capital em filmes que tenham certeza de retorno financeiro. Logo, o que vemos, são várias e várias comédias (o estilo que mais agrada os brasileiros),  exatamente iguais uma a outra, uma vez que se o diretor quiser arriscar - e por a grana do produtor em risco - o filme não saí sequer do papel. Dentro dessa perspectiva está 'Meu Passado Me Condena - O Filme'.

Não que o filme seja ruim como outros já exibidos este ano (vide 'Se Puder... Dirija! e 'Vai Que Dá Certo'), mas é inegável que 'Meu Passado Me Condena - O Filme' é uma trama previsível  demais até para um simples filme de humor brasileiro.

A trama

Baseado no seriado homônimo, exibido no canal Multishow, a história traz os mesmo personagens, Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello). Eles se conheceram numa festa, se casaram rápido e partiram em Lua de Mel para a Itália, a bordo de um transatlântico. Mas o que fazer se entre os passageiros estão Beto, um ex-namorado fogoso (Alejandro Claveaux) e uma ex-paixão (Juliana Didone) dos tempos de escola? É o que os dois (e você) vão descobrir, uma vez que o risco de "flashback" é grande, pois o tal ex é rico e inteligente, ao contrário do noivo que é mão de vaca e confunde o cineasta Truffaut com chocolates. 

Meu Passado Me Condena - O Filme - Foto

Para piorar o momento amorzinho da noiva, surge o Cabeça (o também comediante Raphael Queiroga), amigo de infância daqueles invasivos e cheios de brincadeiras bobas, que costumam ter graça para quem participa, quem já viveu algo parecido ou se deixa levar por bobeiras que não envelhecem. E de fato, algumas fazem rir.

Crítica

O fato de não ter tido sequer a preocupação de mudar os nomes dos atores (e dos personagens da série de TV) não atrapalham muito o filme, uma vez que me parece que as melhoras piadas foram destinadas para o longa. Logo não tome a série por parâmetro, pois o filme é melhor (ou menos pior, como queiram).

As piadas, aliás, até funcionam em alguns momentos, mas em outros falham bisonhamente e o desconcerto é constrangedor. Fábio Porchat, pelo menos, dá sua cara a bater e tenta (errando e acertando) inserir cacos e trejeitos evidentemente exagerados a seu personagem numa busca frenética pela graça que nem sempre era necessária em alguns momentos. 

Meu Passado Me Condena - O Filme - Foto

Quando um mote interessante como o medo de navio, ou a hipocondria de Fábio, que pareciam ser um bom combustível, apareciam, logo as piadas eram cessadas por algum motivo.

Ávido por fazer rir, Porchat é o eterno palhaço, o que até funciona bem em alguns momentos, mas em outros até enche o saco, pois seu personagem fica inverossímil, repito, até para um filme de comédia.

Miá Mello, por sua vez, tem atuação mecânica e é de uma chateza sem fim. Ela se conforma pacificamente com o posto de coadjuvante e não é exagero dizer que se o Fábio Porchat interpretasse a si, e a outro personagem vestido de mulher fazendo o papel de sua esposa, teria sido melhor.

No mais elenco de apoio é de dar dó.  Marcelo Valle e Inez Viana até enganam, mas a historinha de um casal de ex que ficam brigando, mas não se largam nunca é tão manjado que a gente fica até chateado. A bomba do filme é um tal de Alejandro Claveaux que interpreta o ex de Miá. O cara é simplesmente horrível. Caricato, sem presença de vídeo e pouco convincente, uma tristeza! Perto dele a até a horrível Juliana Didone se saí bem. O ótimo Rafael Queiroga, por sua vez, foi pouco aproveitado. Uma pena.

Miá Mello e Fábio Porchat em MEU PASSADO ME CONDENA (2013), de Júlia Rezende

'Meu Passado...' é um filme para quem quer ir ao cinema só para rir sem compromisso e não mais. Se seu intuito for esse, a história é uma boa pedida. Mas se você quiser algo mais profundo é melhor continuar aguardando.



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