Cultura
CRÍTICA DO FILME 'OS MISERÁVEIS'
Ousado. Este é o adjetivo mais adequado para classificarmos o diretor Tom Hooper e sua turma por comparem a ideia de adaptar o clássico 'Os Miseráveis' para o cinema. ousado porque esta definitivamente não é a primeira versão para o cinema e, principalmente, porque o filme, um musical, é praticamente todo cantado. Ser ousado significa ser bom? Talvez sim, talvez não... Confira, na crítica do Outros 300, a nossa opinião sobre o filme.
Filme para fãs de musicais
Longo, o filme só prende atenção à fãs específicos do gênero
Se você é do tipo de espectador que gosta de grandes diálogos, ação ou muito romance e aventura advirto-lhes logo: Passe longe de 'Os Miseráveis'. Não que o filme não tenha nenhum destes temas (aliás acho que contrariamente tem todos), mas quando eles são todos englobados num musical fica difícil aguentar muito tempo em frente a tela.
Essa é a primeira grande característica de 'Os Miseráveis', o filme é praticamente todo cantado. Diálogos são transformados em duetos musicais marcantes, mas que, por fim, só agradam a fãs específicos de musicais. Cenas de ação e romance também envolvem canções e atores consagrados soltam o gogó a cada vez que aparecem em cena.
É complicado refilmar uma história que já teve várias versões na TV, teatro e cinema e, a rigor, Tom Hooper (que já ganhou o Oscar por 'O Discurso do Rei') não inovou muito. A cantoria mesmo, por exemplo, é marcante nas peças na Broadway que algum dia ainda hei de visitar.
Sem isso competiu então ao autor caprichar na fotografia, roteiro, edição e edição de arte, elementos que deixam o filme lindo. Correndo o imenso risco de parecer maldoso ou insensível, se eu pudesse ter um super controle remoto e apertar a tecla "mudo" seria mais fácil eu aguentar as quase três horas de filme só por causa disso.
A verdade é que todo o burburinho criado por Hollywood para o filme é porque Hollywood é Hollywood e, a bem da verdade, os velhinhos que comandam o Oscar já ficam todos em polvorosa a cada musical lançado, como se Gene Kelly pudesse ressurgir a qualquer momento com seu indefectível guarda-chuva.
Mas Kelly não aparece e não é um, digamos, Frank Sinatra, quem canta as canções. Daí a gente tem de se esforçar para achar legal o esforço do Wolverine, ou melhor, do Hugh Jackman e do oscarizado Russell Crowe de tentar cantar da melhor forma possível. Nem sei se o festejado detalhe de Hooper ter pedido para seus atores cantarem ao vivo (no lugar de gravar as canções antes em estúdio, prática usual em filmes musicais) é tão interessante assim.
Ainda temos uma turma que tem o intuito de deixar o lance mais leve, o esquisito Sacha Baron Cohen e a bela Helena Bonham Carter. Mas fica difícil sequer saber se a graça era deles cantarem mal ou deles interpretarem mal. Na dúvida fico com os dois.
Já deve ter ficado claro que não sou nem um pouco chegado em musicais, mas pelo menos tem a Anne Hathaway cantando 'I Dreamed a dream' e, cá entre nós, ela é muito mais agradável aos olhos do que a Susan Boyle não é?
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