CRÍTICA DO ROCK IN RIO 2013
Cultura

CRÍTICA DO ROCK IN RIO 2013


Maior evento de música no país, o 'Rock In Rio' chega em 2013 a sua mais nova edição abusando ainda mais das misturas musicais. Artistas que vão desde Iron Maiden a Beyoncé passaram/passarão pelos palcos cariocas. Confira a crítica do Outros 300 acerca da grande festa da música.

Por Sandro Bahiense


Muita organização e pouca emoção
Evento chega ao ápice organizacional, mas apresentações são muito técnicas e frias

Quer ame ou odeie de uma coisa não podemos escapar: De fato o 'Rock In Rio' é o maior evento de música (pelo menos o mais conhecido) de nosso país. E que também não é todo dia que temos a presença de tantos artistas internacionais de relevância, assim, de uma porrada só, por aqui. Isso é fato, e ninguém pode contestar.

Que o Rock In Rio deveria se chamar "Pop In Rio", "que daria pra fazer um evento só com artistas de rock se quisessem" e blá, blá, blá e blá, blá, blá, a gente já sabe. Vamos fugir deste lugar comum por aqui e vamos nos ater ao que temos. Se tem Beyoncé no evento azar (ou sorte) nossa.

Público brasileiro protesta com bom humor.

Aula de História com Tio Sandro

Contudo vale um adendo. Em 1985, primeiro ano do Rock In Rio, tivemos, de fato, somente a presença de artistas de rock no evento (há controvérsias, diria alguém mais exigente). Porém alguns dados valem ser apontados: Primeiro é que o rock era febre aqui no país, tendo tamanha aceitação da população que ficava em primeiro, segundo e terceiro lugares no gosto popular da época. E o rock também vivia grande momento no exterior, em especial com o grande sucesso do Queen, grande banda do evento naquele ano. Por se tratar de ser um evento embrião, uma ideia, a mola que regia a coisa, o dinheiro, ainda era visto como uma das coisas importantes e não A coisa importante. 

'Love of my life' do Queen foi momento clássico do 'Rock In Rio 1985'

Os anos foram passando, a música num plano geral foi ficando mais misturada, o pop foi invadindo o Rock In Rio e chegamos a 2013, com o Sr. Justin Timberlake fechando uma noite genuinamente pop do evento. Aos que se ofendem pela suposta deturpação do Rock In Rio: Trazer o Bob Dylan renderia uma boa grana ao Medina (Roberto, organizador do evento), mas trazer a Beyoncé rende muito mais. É uma pena, mas uma verdade. E, ao contrário de 85, o que faz a mola girar dessa vez é o dinheiro, e somente ele. 

2013

Isto posto, analisemos o evento (por uma visão televisiva, ok?). Organização nota 9,9. Horários cumpridos à risca. Às vezes me sentia até na Inglaterra. Pontualmente um show acabava e pontualmente outro começava em palcos distintos que se completavam.

Tudo muito bonito, moderno e múltiplo (diversidade: A cara do evento). Opções para todos os gostos e idades. A ideia evidentemente é tentar agradar a todos e (olha o que está movendo o evento de novo) não perder dinheiro. Não à toa que a média foi de 80 mil pessoas nos três primeiros dias de festa.

O primeiro dia foi de homenagens a Cazuza. Um tributo lhe foi feito. Contudo problemas no som pareceram atrapalhar a coisa. Ney Matogrosso estava visivelmente tenso com algum problema que parecia ser grave e infelizmente atrapalhou sua apresentação. Neste dia tive minha primeira tristeza. Bebel Gilberto, da qual sou muito fã, "desperdiçou" as três músicas de Cazuza que cantou. Parecendo muito alterada, a coautora de 'Preciso dizer que te amo', ficou dando gritos esquisitos, desafinando e atravessando a música, tocadas a uma espécie de bolero que, perdoem-me o termo, cagaram as músicas. Um voz e violão teria sido genial. Menos nunca seria tanto mais se ali fosse aplicado.

Beyoncé. Muitas trocas de roupa e pouca música

Não sou fã de ninguém da sexta feira, mas parece que David Guetta foi tranquilo. Quando não cantou axé, Ivete Sangalo também. Algumas pessoas disseram que Beyoncé mais trocou de roupa e dançou do que cantou. Era um show de música ou dança? O lek, lek no final, não foi legal, foi constrangedor. Quisesse agradar o público, a mulher de Jay Z, poderia, sei lá, falar algo em português, não sei.

Sábado

Houve quem não gostasse de Tico Santa Cruz à frente do tributo a Raul Seixas. Traumatizado pela homenagem a Cazuza no dia anterior, eu achei até muito bom, pois vi um especial sem invencionismos e respeitando as músicas do baiano em sua essência.  

Tipo cara, a gente, cara, temos de lutar, cara, pelo nosso país, cara...

De esquisito só o discurso piegas de Dinho Ouro Preto do Capital Inicial. "Coisa que a gente mais gosta é cantar rock e falar mal de político". Não Dinho, meu sonho é nunca mais ter de falar mal de político, meu sonho é ter governantes íntegros que não me dêem motivo para criticá-los, ainda mais por gosto. No mais, Ouro Preto, com nariz de palhaço, disparou algumas palavras desconexas, regadas a uns duzentos "cara" e, mesmo assim foi aplaudidíssimo por uma plateia ávida por qualquer coisa que soasse revolucionário. Quando foi para sua praia, Dinho e cia mandaram muito bem homenageando Chorão e Champignon cantando 'Só os loucos sabem'.

No outro palco o Offspring entrou mudo e saiu calado, mal, mal um boa noite rolou e veja lá. Só um tiquinho de integração com o público não soaria mal né não?! Jared Leto preferiu brincar de tirolesa. Muse teve uma atuação mecânica,  mas antes fosse, pois Florence, cantora gringa da maior qualidade, preferiu ficar correndo e dando gritinhos esquisitos a cantar. Neste caso, então, prefiro a frieza do Muse e do Offspring mesmo já que não dava pra ficar brincando de tirolesa com o Leto.

Domingo

Nando Reis e Samuel Rosa foi muito, muito legal. O Jota Quest não arriscou e fez um show só de hits. De bacana a vinda de Lulu Santos no fim do show, mas, pô, só uma musiquinha? Poderiam ter explorado mais o cantor...

Jessie J muito vigorosa. Ela botou a galera pra sacudir, gostei do show. Alicia Keys, muito competente, também esteve bem, mas menos efusiva do que Jessie. Quem teve a oportunidade de ver Ivan Lins e George Benson se deliciou com um show de primeira. 

Justin Timberlake mostrou carisma

Justin Timberlake pareceu-me uma Beyoncé de calças. Muita coreografia, muita dança e pouca música. Mas, carismático até o último fio do cabelo, o cara ganhou a plateia e seu show foi mais quente do que o da musa de sexta feira. 

Segunda semana

Confira a análise do MSN Música - 1 (© Divulgação)
Frejat mostra-se cada vez mais seguro

Frejat e Skank - Brasil muito bem representado

Um belo show de um artista que tem cada vez mais se acostumado a fazer carreira solo. Com o auxílio de músicas de Tim Maia e, claro do Barão, o cara conseguiu se manter muito bem diante do numerosa plateia.

Já o Skank escolheu por fazer um show basicamente constituído pelos seus antigos sucessos o que seria ótimo para o festival, mas ruim para os fãs específicos da banda. Mas o Skank é o Skank e o show foi foda assim mesmo. A banda talvez esteja no seu ápice.

Confira a análise do MSN Música - 1 (© Divulgação)
Galera pulou o tempo todo no show do Slayer

Metal

Os dias do metal foram disparados os mais animados do Rock In Rio. Os shows do sepultura, do Slayer e do Iron Maiden deixaram a galera com o astral lá em cima o tempo todo. As várias trocas de roupa do Bruce Dickinson foram um cadiquinho exageradas e já estavam até incomodando, afinal o Iron não precisa dessas papagaiadas, pois a banda é do caralho.

Dizem que os fãs da banda Avenged Sevenford que fizeram pressão para a banda ser convidada para o RIR. Legal! Sintam-se agradecidos por mim, pois a galera é porrada. Showzão de uma turma que não sentiu a pressão.

Confira a análise do MSN Música - 1 (© Divulgação)

O Metallica também foi da hora! Showzão porrada com muita interação com o público.

Quem destoou um pouco foi a galera do Alice In Chains. Uma das minhas bandas favoritas, os caras fizeram um show frio, sem comunicação com o público que teve que "se virar sozinho" para se divertir. Uma pena.

Rock coxinha agrada

Por favor fãs do 30 Second To Mars, Matchbox Twenty, Nickelback e Bon Jovi não me entendam mal. Rock coxinha não é nada pejorativo, ok? É só para diferenciar do rock clássico (do Springsteen, por exemplo) e do rock metal, tá bom?

De todos o Nickelback foi o que mais gostei. Show empolgante. Nunca os tinha visto em apresentações ao vivo e me vi surpreendido por sua performance. Bon Jovi levantou a galera nos clássico (poucos no show) e os fãs do 30 Second carregaram o show nas costas (como eles são fãs, caraca!!!)

Confira a análise do MSN Música - 1 (© Divulgação)
Ausências de Richie Sambora e Tico Torres não afetou a qualidade da apresentação

Bruce Springsteen

Deixei o Tio Bruce para o final. Showzaço! Quase três horas de duração. Puta integração com o público, com gente no palco, menininho cantando clássico e música de Raul cantada pelo ídolo e tudo!

Os fãs (de casa) ficaram empolgadaços com o 'Born In The USA' tocado na íntegra (o público ao vivo ficou meio desanimadão nesta hora). Na hora dos clássicos a galera carioca pirou e deu pra gente sentir a energia do show de casa, puta vibe.

Sua benção, chefe.

Confira a análise do MSN Música - 1 (© Divulgação) 
O melhor show do Rock In Rio



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