Rossini Macedo é um humorista brasileiro. Começou sua carreira tardiamente, aos 30 anos. Inicialmente, era empresário de bolsas de couro e cintos. Por motivos financeiros e de saúde, abandonou o ramo empresarial e resolveu se dedicar ao que mais gostava de fazer: contar piadas. Seu principal personagem é "Tonho dos Couros", um típico matuto caipira. Ele teve seu talento reconhecido nacionalmente quando, em 2004, venceu o "Primeiro Concurso Nacional de Piadas" do programa “Show do Tom”, apresentado pelo humorista Tom Cavalcante, na TV Record. Hoje, Rossini mantém programas e esquetes em mais de 60 rádios nacionais, entre as quais a Rádio do Riso, primeira do mundo dedicada exclusivamente ao humor. Também é parte do elenco da “Escolinha do Gugu”. Confira, abaixo, a entrevista com o humorista:
1 – Rossini, te entrevistar é a maior prova de que o humor também é uma forma de arte. Vasculhando sua biografia, percebemos que você só enveredou para a carreira artística depois dos 30 anos. Mas é certo que tal aptidão não surgiu do nada. Como surgiram as artes em sua vida? A interpretação (o humor, as piadas) sempre foram aquilo que mais lhe atraia?
Resposta: O humor surgiu na minha vida de forma muito natural, na minha infância sem perceber eu divertia os meus amigos, participava de tudo que era relativo a teatros na escola e declamava poesias de cordel para os amigos do meu pai, que era alcoólatra, e às vezes não me dava dinheiro para assistir os filmes de Mazaroppi. Dessa forma, os amigos do meu pai achavam engraçado e me davam dinheiro.
2 – Hoje, você é um escritor dono de uma grande vendagem. Contudo, antes desse sucesso todo, você já tinha o hábito de escrever? O que você consumia de arte em geral quando criança/adolescente?
Resposta: Sempre tive o hábito de escrever e compor músicas e poesias, consumi livros de poesias de cordel e de humor.
3 – O humor sempre foi algo presente em sua vida? O humor é algo nato ou é possível um bom ator “trabalhar para tentar ser engraçado”?
Resposta: Na minha vida, como na vida do povo sofrido do nordeste, o humor sempre tem que estar presente, no meu caso, o humor é natural, mas acho possível sim um bom ator desenvolver o seu talento para o humor.
4 – Até os 30 anos você era empresário e nada tinha a ver com comédia. Como se deu essa mudança tão brusca?
Resposta: As pessoas acham que ser empresário não tem nada a ver com humor, eu já acho que você é feito de palhaço o tempo todo pelos governos, e vou além, um empresário pra ser honesto no Brasil tem que ser um herói, se conseguir pagar essa imoralidade que é a carga tributária no nosso país. Eu resolvi chutar o balde e não ser herói e ser um simples humorista. É assim que sou feliz.
5 – Em seu show no Mister Picuí (“Perto do fim do mundo, só rindo”), segundo consta, você interpreta até 17 personagens diferentes. Como você consegue? Qual é o tipo de preparação para interpretar tão múltiplas personalidades? Você faz algum tipo de laboratório?
Resposta: Não faço 17 personagens em um show, essa é a quantidade de personagens que criei, nos shows geralmente faço 3 ou 4 deles que se encaixam no tema do show. O meu novo show se chama “Stand-up de um matuto”.
6 – Quais são suas influências no humor? Pelo estilo de interpretar vários personagens acredito que Chico Anysio seja um deles?
Resposta: Chico Anysio é a inspiração para todos nós que vivemos do humor, mas tenho outras duas muito importantes, Zé Vasconcelos e Antonio Henriques Neto (Poeta da minha cidade que homenageio com o nome do meu principal personagem, Tonho dos Couros.)
7 – Citei o grande mestre Chico Anysio propositalmente, pois percebo que, apesar de ser um excepcional ator, o cearense não tem o crédito que merece. Porque você acha que atores de humor não tem o mesmo valor de atores dramáticos (até porque, dizem, que fazer rir é mais difícil do que fazer chorar)?
Resposta: Se o Chico fosse americano seria considerado o maior do mundo. O brasileiro valoriza menos os seus ídolos. Nós humoristas não somos muito queridos pelos críticos. Para ser crítico, tem que ser intelectual e normalmente os que se acham intelectuais não riem. Eu sinto pena dessas pessoas, pois não conhecem o maior prazer da vida. Rir.
8 – Peças de teatro, programas de TV, e filmes de humor são grande sucesso de público, mas raramente são sucesso de crítica. Porque há essa má vontade da critica especializada (em todos os setores artísticos) com o humor? Isso incomoda?
Resposta: Os críticos são responsáveis pela mídia dar muito mais destaque as coisas ruins, como violência, drogas, do que ao sorriso que está provado cientificamente que cura. Viva os Especialistas do Riso, Doutores da Alegria, entre outros.
9 – Atualmente, o humor de stand up tem feito grande sucesso no país. O que você acha desse tipo de humor? Gosta? E figuras polêmicas como o Rafinha Bastos e o Danilo Gentili, são comediantes ou “agressores”?
Resposta: Jogador bom é aquele que faz gol. Humor bom é aquele que faz rir, não pode existir descriminação. O Rafinha fala demais e não tem a humildade que o Danilo está aprendendo a ter. Você não consegue enganar o povo por muito tempo. Pessoas sem humildade, não gosto, e faço questão de não conviver com elas.
10 – Você é o comediante “capixaba” (nasceu na Paraíba, mas fez a vida aqui) que mais fez sucesso no país. Conte-nos qual é a grande dificuldade para artistas daqui da terra fazerem sucesso no Brasil inteiro?
Resposta: Infelizmente as dificuldades são muitas, aqui enfrentei preconceitos, portas fechadas, mas nunca desisti e consegui conquistar um publico fiel que faço questão de dar atenção e carinho sempre. O segredo é muito trabalho.
11 – Aliás, o que você diz do estado? Gosta do Espirito Santo? Esperava ser tão sucedido tão longe de casa?
Resposta: A resposta sobre o meu amor pelo ES é dada todas as vezes que tenho oportunidade de divulgar o estado na mídia nacional. Eu não esperava tudo que conquistei aqui, é coisa do Espírito Santo mesmo.
12 – Conte-nos mais acerca de seus dois DVD’s (“Um Paraixaba Ao Vivo e em Couros” / “Homem é que nem lata, uma chuta e outra cata”). Neles, você interpreta seus vários personagens assim como no seu show no Mister Picuí?
Resposta: Sim. Muitos.
13 – E seus livros (“Sorria Nos 30 – 1030 piadas com menos de 30” e “O sorriso é a fonte da Vitória”). Fale-nos mais acerca deles. “O sorriso...” é um livro motivacional, certo? Um comediante tem espaço para escrever, interpretar e vivenciar outros tipos além do humor?
Resposta: Sim, nós somos observadores do cotidiano, eu já fiz um suicida num curta e gostei pela mensagem do filme, mas prefiro o humor.
14 – Você tem uma rádio na internet (www.rededoriso.com.br) cem porcento destinada ao humor. Como funciona a rádio? É possível que tal criação possa chegar ao Dials das rádios FM’s do país?
Resposta: A internet ainda é livre e nos permiti isso, virar uma rádio FM aberta seria um sonho...
15 – Atualmente, além da rádio, DVD’s, palestras, você está na Escolinha do Gugu, e na TV Vitória. O que mais o Rossini Macedo está preparando para 2012?
Resposta: Estou junto com minha mulher Stefane preparando o nosso grande sonho, que ainda é segredo. No mais agradeço a Deus por tudo e pela possibilidade de poder viver fazendo os outros sorrirem.