O Espírito Santo é o primeiro Estado do Brasil escolhido para receber uma exposição inédita, composta de obras gráficas originais de quatro artistas franceses: Edouard Manet, Pierre-Auguste Renoir, Fernand Léger e Marc Chagall. A mostra, realizada pelo Governo do Espírito Santo por meio da Secretaria de Estado da Cultura, estará exposta no Palácio Anchieta, no Salão Afonso Brás, entre os dias 27 de abril e 10 de Junho. É uma oportunidade única para o público capixaba experimentar gratuitamente os traçados de desenhos dos artistas, precursores da arte moderna e contribuintes para o desenvolvimento de movimentos vanguardistas em nível internacional.
"Mestres Franceses" conta com 131 desenhos originais do acervo da Collezioni D'arte Camú, do Consorzio Camú da Itália. As gravuras mais antigas são de Renoir, datadas de 1841, e representam o recorte das distintas vivências do artista. As cenas das gravuras de Renoir demonstram memórias dos vilarejos franceses de Limoges e Cagnes-sur-Mer. Já Manet é representado por uma série de obras dedicadas a personagens do cotidiano. Chagall, por sua vez, demonstra sua busca espiritual nas 24 litografias da exposição, enquanto Léger poderá ser apreciado pela alegria do circo.
A exposição apresenta uma extensa abordagem de temas. Das gravuras, 25 são obras de Chagall; 63 obras em serigrafia são de Fernand Léger da coleção "O Circo"; 11 obras litográficas pertencem a Renoir; e 32 desenhos de águas-fortes e águas-tintas de são de Edouard Manet.
Além da variada temática das gravuras, a mostra terá um frontispício da coleção "Êxodo" de Marc Chagall. O frontispício é a primeira página de um livro que traz o título, referência à obra pintada pelo mestre francês, que estará na mostra.
A realização da exposição pelo Governo do Espírito Santo confirma o comprometimento da atual gestão com a disseminação da cultura para a população capixaba de forma gratuita. Além disso, a mostra conta com a parceria do Instituto Sincades, grande fomentador da cultura local e que também esteve envolvido em outras grandes exposições que já passaram por Vitória, como "Por Dentro da Mente de Leonardo da Vinci", "A Beleza na Escultura de Michelangelo", "Mestres Espanhóis e "Modigliani: Imagens de uma vida".
Atividades educativas
A mostra também irá estender seus objetivos a diversos públicos. Será realizada uma ação com interessados em arte, educadores capixabas e monitores da exposição. A organização da mostra dará um treinamento gratuito sobre as obras da exposição, no dia 26 de abril, para cerca de 120 pessoas. O treinamento também é destinado aos monitores que atuarão na mostra atendendo às visitações de grupos.
Palácio Anchieta
O Palácio Anchieta é uma das mais antigas sedes de governo do País. O prédio, antes restrito aos governantes, agora, além de cartão postal da cidade e do Estado, é ponto de visitação turística. A sede foi aberta à visitação pública em 2009, depois da restauração completa do prédio. Além de capixabas da Grande Vitória e do interior, o prédio é visitado por turistas de quase todos os Estados do Brasil e também por estrangeiros de vários países.
O salão Afonso Brás já hospedou outras mostras de importância mundial, como a "A Beleza na Escultura de Michelangelo", "Por Dentro da Mente de Leonardo Da Vinci", "Mestres Espanhóis" e "Modigliani: Imagens de uma vida"
Pela sua importância histórica e cultural, o prédio faz parte do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (IPHAN/MINC) e é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Sobre os artistas e as obras
Edouard Manet - 32 desenhos - obras gráficas reunidas de 1859 a 1882
Nascido em Paris, Edouard Manet viveu com todos os privilégios de uma boa educação. Porém, ao invés de seguir a advocacia, profissão exercida pelo pai e avô, Manet preferiu entrar para a marinha naval e chegou a visitar o Brasil. Aqui, ele sofreria a influência das luzes da Baía de Guanabara e a retrataria em seus futuros quadros.
Depois da experiência mercante, Manet, entrou para um ateliê, em busca de conhecimento nas artes plásticas. Começava a caminhada de diálogo intenso com a arte tradicional e moderna. Com obras que tinham traços de afinidade com o impressionismo, cheias de ousadia artística e temas que fugiam do convencional, Manet se aproximou dos impressionistas em relação ao método: redução da pintura à sua natureza específica, pesquisa de massas, de luz e principalmente de cor.
Na exposição "Mestres Franceses", há 32 obras do pintor ascendente da pintura moderna. Os desenhos estão reunidos em um portfólio por meio de ordem cronológica. A primeira obra é intitulada Silentium e é considerada a mais antiga entre as obras gráficas de Manet, seguida por Mariano Camprubi, de 1861, até a última, Jeanne, de 1882, a última obra que ele criou. As obras foram feitas seguindo a técnica de águas-fortes e de águas-tintas, realizadas entre 1859 e 1882. Elas medem 45 x 32 cm, em uma edição de 100 exemplares publicados por Ströling em 1905 e impressos sobre papel Van Gelder.
Marc Chagall - 25 litografias em cores - "A História do êxodo, 1966"
Marc Chagall foi pintor, gravurista e surrealista. Com estilo pós-impressionista abstrato, o artista multidisciplinar retratou em cada gravura uma paixão vibrante pela vida. Com jogos e composições de cores que poucos artistas de sua época conseguiram, o bielo-russo e judeu Chagall já havia trabalhado com gravuras de conotações bíblicas.
Entre 1931 e 1939 ele retratou 105 gravuras que ilustram na Bíblia a vida de Moisés. Porém, as impressões não ficaram com a qualidade que o artista almejava, e Chagall lamentava não ter conseguido, no passado, interpretar por meio das cores a Bíblia e as Fábulas de La Fontaine. O motivo foi a falta, naquela época, de laboratórios especializados em impressão litográfica.