Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/. Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira, abaixo, a crônica intitulada “Olimpíadas”:
OLIMPIADAS
Acabam hoje, em Londres, as Olimpíadas. Acho que você nem sabia, pois “não passou na Globo, então, não é verdade”, mas, acreditem, aconteceu sim. Enquanto você se debatia em frente à sua TV vendo Carminha e Nina se engalfinharem, centenas de brasileiros, pobres coitados, batalhavam por medalhas nos mais variados esportes. A rigor, o que conseguiram mesmo foi o rótulo de amarelões por não terem conseguido nada (acho que ganhamos uma ou duas medalhas). Pouco importa se os atletas não tem o menor apoio, nem financeiro, nem social e nem do povo (que só torce mesmo nas Olimpíadas). Pouco importa também que eles não tenham boas condições de treinamento, nem salário decente, nem técnicos bons, e nem tecnologia de ponta... Pouco importa.
Pouco importa também que sejam ignorantes e por vezes hipócritas. Pouco importa que chorem, enrolados na bandeira, ao ouvirem o hino nacional, mas, numa oportunidade futura, sendo chefe de alguma secretaria de esporte, este mesmo atleta, d’antes patriota até o último fio de cabelo, desvie verba de seu ministério (cadê o patriotismo agora?). Pouco importa. Pouco importa que desviemos nosso foco, e verbas, para o esporte (um bem social que deveria estar em segundo plano) e não para educação, saúde e segurança. Pouco importa se outras centenas – talvez milhares – de atletas nem o chegam a ser por se perderem no caminho das drogas, do desemprego, do desespero... Pouco importa.
Pouco importa eu dizer que sou super patriota, que torço pra cacete para os atletas nas Olimpíadas, pouco importa eu estar me cercando. Pouco importa se você nem reparou que o título da crônica é um trocadilho. Pouco importa tudo. Só importa o meu. E se tivesse medalha de ouro para idiotice onde seria o pódio? Pouco importa isso também.