NOVO CENÁRIO
Cultura

NOVO CENÁRIO


Os coletivos artísticos viabilizam a sustentabilidade dos artistas, promovem a democratização das artes, estimulam a cultural local e repensam o modelo de criação e produção cultural adotado pelo mercado.

Foto: Francisco Neto


Segundo o ditado popular, a união faz a força. Mas neste caso a união faz a música, o teatro, o show, o audiovisual, a exposição - melhor parar, porque a lista é longa. Assim agem os coletivos artísticos que, através de ações baseadas na livre-cooperação, reciprocidade e agregando diversos profissionais e linguagens artísticas, como músicos, escritores, comunicólogos, designers e artistas plásticos, estão modificando o cenário e o mercado cultural. Seja com uma rede de atuação nacional e internacional, como o Circuito Fora do Eixo, ou de realização local, como o Coletivo Expurgação e o Assédio Coletivo.

No Brasil, os coletivos artísticos buscavam por uma arte tão heterogénea quanto o próprio brasileiro, retomando os anseios pela identidade nacional, apregoados pelos Modernistas, além de terem cumprido um importante papel na utilização da arte como uma ferramenta de debate e protesto contra os governos militares. Como o extinto Viajou sem Passaporte (1978-1982), grupo experimental que se propôs a intervir em apresentações artísticas ou no cotidiano, de forma a romper ou questionar a normalidade de uma situação, através da criação coletiva e de trabalhos com base na improvisação (Fonte: Itaú Cultural - http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbete=661)


Foto: Francisco Neto


Foto: Francisco Neto


Confira na íntegra a entrevista sobre o Expurgação AQUI http://grafiacosmopolita.blogspot.com.br/2012/04/foto-rossman-entrevista-com-raphael.html)

Outro coletivo que está renovando a cena cultural capixaba é o Assédio Coletivo. Criado há pouco tempo, mas já com quatro edições de um festival de música e arte integrada, o Festival Tarde no Bairro, que terá sua 5° edição realizada no próximo sábado, dia 26/5, na quadra da Associação de Moradores de Bairro República, com entrada franca. Segundo Amanda Brommonschenkel, integrante e uma das precursoras do projeto, a equipe evoluiu muito em poucos meses de existência.

Eles começaram com apenas três bandas tentando articular um festival e hoje o Assédio Coletivo conta com mais de 50 bandas, além de fotógrafos, expositores, produtores, técnicos e artistas distintos que não possuem espaço para expor seu trabalho. Ela ressalta que o Assédio não é uma produtora de eventos: “produzimos eventos para que os grupos artísticos que integram o coletivo, existam, alcancem formação de público e uma profissionalização adequada, mas nosso objetivo é muito maior que isso. É fazer a população perceber que a produção capixaba existe, e é de qualidade, que a nossa cultura está sem espaço no lugar onde vivemos e se não fizermos algo, ninguém fará por nós. Por isso incentivamos as nossas próprias produções, de forma completamente independente, cada um corre atrás para ajudar o grupo, e não a si mesmo. Temos consciência de que juntos formamos um movimento muito maior”.

Leiam a entrevista na íntegra sobre o Assédio Coletivo AQUI (http://grafiacosmopolita.blogspot.com.br/2012/04/entrevista-sobre-o-assedio-coletivo.html )

Confiram alguns artistas que já passaram pelo Festival Tarde no Bairro:
Banda Adiós Me Voy, Aurora, Mango e performances de malabares, respectivamente.

Foto: Amanda Brommonschenkel


Foto: Barbara Kohler


Foto: Amanda Brommonschenkel


Foto: Rafael Resende

Assim, além de possibilitar a sustentabilidade dos artistas e a democratização das artes, os coletivos levantam discussões importantes, sobre a forma de produção e distribuição de produtos culturais e sobre o próprio lugar da arte na sociedade, como o Coletivo Fora do Eixo ES, que desembarcou na Ilha há pouco tempo, mas já deu o que ouvir, com o Grito Rock e o Festival de Música Livre, que em 2011 reuniu 24 bandas independentes, locais e nacionais, em três dias de shows gratuitos, além de dois dias de seminário onde se discutiu a relação da indústria musical com as novas mídias e as alternativas de cultura livre.

Entre todos os coletivos artísticos existe, além da produção cultural, outra característica em comum: a utilização da internet como meio de contato, divulgação e empoderamento de suas ações. Uma forma de utilizar a rede internacional de computadores não apenas como mero meio de incomunicação - vulgo informação. Pois, como afirma Raphael Gaspar, a internet é um território cheio de entrelinhas. Se por um lado ela pode oferecer risco ao conteúdo protegido por lei, por outro lado permite a ampla divulgação de trabalhos ainda desconhecidos e renova o processo de interação entre artista e público.

Aproveite e conheça as realizações dos coletivos:


(Texto de Jocilane Rubert publicado no Portal Iuuk na coluna Múltiplas Manifestações - http://www.iuuk.com.br/?x=colunas-interna/multiplas-manifestacoes-jocilane-rubert/novo-cenario/11142 ) no dia 27/04/2012.




Jocilane Rubert. Graduanda em Publicidade e Propaganda, colunista do Portal Iuuk (http://www.iuuk.com.br/?x=colunas), integrante da coletânea de poesias intitulada “8 vezes poeta” e autora do blog Grafia Cosmopolita (http://grafiacosmopolita.blogspot.com.br).



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