Foto: Francisco Neto
No Brasil, os coletivos artísticos buscavam por uma arte tão heterogénea quanto o próprio brasileiro, retomando os anseios pela identidade nacional, apregoados pelos Modernistas, além de terem cumprido um importante papel na utilização da arte como uma ferramenta de debate e protesto contra os governos militares. Como o extinto Viajou sem Passaporte (1978-1982), grupo experimental que se propôs a intervir em apresentações artísticas ou no cotidiano, de forma a romper ou questionar a normalidade de uma situação, através da criação coletiva e de trabalhos com base na improvisação (Fonte: Itaú Cultural - http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbete=661)
Foto: Francisco Neto
Foto: Francisco Neto
Outro coletivo que está renovando a cena cultural capixaba é o Assédio Coletivo. Criado há pouco tempo, mas já com quatro edições de um festival de música e arte integrada, o Festival Tarde no Bairro, que terá sua 5° edição realizada no próximo sábado, dia 26/5, na quadra da Associação de Moradores de Bairro República, com entrada franca. Segundo Amanda Brommonschenkel, integrante e uma das precursoras do projeto, a equipe evoluiu muito em poucos meses de existência.
Eles começaram com apenas três bandas tentando articular um festival e hoje o Assédio Coletivo conta com mais de 50 bandas, além de fotógrafos, expositores, produtores, técnicos e artistas distintos que não possuem espaço para expor seu trabalho. Ela ressalta que o Assédio não é uma produtora de eventos: “produzimos eventos para que os grupos artísticos que integram o coletivo, existam, alcancem formação de público e uma profissionalização adequada, mas nosso objetivo é muito maior que isso. É fazer a população perceber que a produção capixaba existe, e é de qualidade, que a nossa cultura está sem espaço no lugar onde vivemos e se não fizermos algo, ninguém fará por nós. Por isso incentivamos as nossas próprias produções, de forma completamente independente, cada um corre atrás para ajudar o grupo, e não a si mesmo. Temos consciência de que juntos formamos um movimento muito maior”.
Foto: Amanda Brommonschenkel
Foto: Barbara Kohler
Foto: Amanda Brommonschenkel
Foto: Rafael Resende
Assim, além de possibilitar a sustentabilidade dos artistas e a democratização das artes, os coletivos levantam discussões importantes, sobre a forma de produção e distribuição de produtos culturais e sobre o próprio lugar da arte na sociedade, como o Coletivo Fora do Eixo ES, que desembarcou na Ilha há pouco tempo, mas já deu o que ouvir, com o Grito Rock e o Festival de Música Livre, que em 2011 reuniu 24 bandas independentes, locais e nacionais, em três dias de shows gratuitos, além de dois dias de seminário onde se discutiu a relação da indústria musical com as novas mídias e as alternativas de cultura livre.
Entre todos os coletivos artísticos existe, além da produção cultural, outra característica em comum: a utilização da internet como meio de contato, divulgação e empoderamento de suas ações. Uma forma de utilizar a rede internacional de computadores não apenas como mero meio de incomunicação - vulgo informação. Pois, como afirma Raphael Gaspar, a internet é um território cheio de entrelinhas. Se por um lado ela pode oferecer risco ao conteúdo protegido por lei, por outro lado permite a ampla divulgação de trabalhos ainda desconhecidos e renova o processo de interação entre artista e público.
Aproveite e conheça as realizações dos coletivos:
(Texto de Jocilane Rubert publicado no Portal Iuuk na coluna Múltiplas Manifestações - http://www.iuuk.com.br/?x=colunas-interna/multiplas-manifestacoes-jocilane-rubert/novo-cenario/11142 ) no dia 27/04/2012.