Cultura
NOVO 'ROBOCOP' ESTREIA NESTA SEXTA EM VITÓRIA
Dirigido por José Padilha, um novo 'Robocop' estreia nos nossos cinemas neste fim de semana. Saiba mais sobre a nova aventura do policial cibernético mais famoso da sétima arte lendo a matéria abaixo:
Por Rafael Braz
Novo RoboCop estreia nesta sexta com drama político
Dirigido por José Padilha, "RoboCop" tem ação, tiros e conteúdo
Quando foi lançado, em 1987, “RoboCop”, do holandês Paul Verhoven, se destacava pela violência extremamente gráfica – quase gratuita – e pela preocupação social de que o homem iria, sem dúvidas, ser substituído por um robô.
O filme foi um sucesso e, claro, transformou-se em uma lucrativa franquia. “RoboCop” ganhou mais dois longas em 1990 e 1993, um pior que o outro. O personagem também teve suas histórias contadas em séries de quadrinhos, na TV e até em desenhos animados. Todos de gosto bem duvidoso.
O personagem perdeu força e passou a ser lembrado com nostalgia. Por isso, quando foi anunciado que um novo filme estava em produção, muitos torceram o nariz. Afinal, seria um absurdo desnecessário mexer com algo tão “bom”.
Eis que sexta-feira chega aos cinemas o “RoboCop”, do brasileiro José Padilha. Hollywood veio buscar o diretor dos dois “Tropa de Elite” para associar o personagem a algo maior, ou seja, o filme de Padilha não deveria ter apenas ação.
Política
A boa notícia é que Padilha consegue entregar o que era esperado dele. Na trama, no ano de 2028, os EUA utilizam robôs inteligentes na sua “guerra ao terror”, mas não o fazem no próprio solo – afinal, um robô não reagiria com a “humanidade” necessária para lidar os norte-americanos.
A saída encontrada pela OmniCorp é colocar um homem dentro do robô. É quando surge Alex Murphy (Joel Kinnaman, de “The Killing”), um policial que foi vítima de um atentado após mexer no vespeiro que incluía um mafioso de Detroit e alguns policiais.
Ao contrário do que acontece no filme de 1987, o novo Murphy continua vivo. Ele teve boa parte de seu corpo destruída, mas manteve seu cérebro intacto. Essa opção, segundo o próprio Padilha revelou em entrevista (mais no quadro ao lado), foi feita para obrigar o personagem a lidar com a questão homem versus máquina.
O problema é que, mesmo que tentem tirar o livre arbítrio de Murphy e transformá-lo em uma “máquina que pensa que é homem”, o aspecto humano prevalece. Ele logo passa a investigar seu próprio caso e a encontrar ligações que o levariam aos altos escalões das grande corporações e a importantes políticos. O policial, então, torna-se uma grande ameaça.
Deixando o aspecto político de lado, a baixa classificação etária exigida pelos estúdios, mesmo que “defendida” por Padilha, incomoda. Em boa parte das sequências de ação, o filme se transforma quase em um videogame. Outro ponto que também não agrada é a subutilização de Abbie Cornish (esposa de Murphy) e Michael K. Williams (que vive seu parceiro). A dupla deveria conferir carga emocional ao drama do protagonista, mas pouco faz.
Apesar disso, a estreia de José Padilha em Hollywood não apenas agrada como surpreende. O diretor carioca soube utilizar as limitações impostas a ele para criar um filme honesto, que pode até não servir para revitalizar a franquia, mas funciona para firmar o nome do realizador na maior indústria de cinema do mundo.
Minientrevista
No trailer, o RoboCop parece um ninja. No filme, ele é ágil, mas continua pesadão. Mantê-lo assim foi uma opção sua?
José Padilha - A robótica avançou muito nos últimos 27 anos (do filme de Verhoven pra cá), então não tinha motivos pra deixar o personagem com pouca movimentação. Mas ele não é ágil como mostrado no trailer, que não é o diretor quem monta. O RoboCop é grande e pesado. As pessoas ouvem seus passos antes de ele entrar em algum lugar, por exemplo.
O filme tem muitas críticas à política externa dos EUA. Um olhar estrangeiro sobre isso ajudou?
José Padilha - Talvez... Logo no início a gente já escancara a premissa do filme: o governo dos EUA aceita usar os drones da OmniCorp (empresa responsável pelos robôs) fora do país, em zonas de guerra. Ao mesmo tempo, eles não aceitam ter os robôs policiando suas vidas, decidindo quem é ou não uma ameaça. Acho que talvez seja mais fácil, sim, falar sobre isso como um estrangeiro.
O filme de 1987 tem classificação etária alta, enquanto o seu tem censura 13 anos...
José Padilha - (Interrompendo o repórter) Acho que a violência ou o sexo têm a ver com a lógica do filme. Se é um filme que fale sobre isso, como o “Laranja Mecânica” (de Stanley Kubric, 1971), isso é essencial. Meu “RoboCop” tem uma grande dimensão política e questões existenciais sobre a relação homem-máquinas. Não precisava mostrar um homem sendo estilhaçado por balas. Adaptei essas limitação para fazer o filme que queria.
Robocop
Ação. (Idem, EUA, 2014)
Direção: José Padilha
Elenco: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish, Jackie Earle Haley, Michael K. Williams, Jennifer Ehle, Jay Baruchel, Samuel L. Jackson
Cotação: ***
Estreia sexta-feira
Fonte: A Gazeta
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