79 obras do arquiteto, artista plástico e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx estiveram expostas em Fortaleza de 3 de setembro a 12 de dezembro de 2010 no Espaço Cultural da Unifor. Foi a exposição seguinte a do artista Vik Muniz (também citada aqui no blog Cultura Ciliar - postagem de agosto de 2010 - no seguinte link: http://cultura--devciliar.blogspot.com/2010/08/artes-visuais-vik-muniz.html).
O blog Cultura Ciliar nesta postagem
trata de um artista versátil,
patriota, apaixonado por botânica
(pesquisador, descobriu cerca de 50 espécies de plantas em suas viagens pelo Brasil) e pela flora brasileira, nascido em São Paulo em 1909 e que faleceu em 1994 no Rio de Janeiro (mesmo ano da morte do músico, maestro e compositor brasileiro Tom Jobim, também um artista apaixonado pela natureza e pela cultura do nosso país).
Apesar da exposição em Fortaleza não ter focado muito a dimensão paisagística, este texto tentará abordar amplamente esse tema. A exposição ofereceu um documentário com falas do próprio Burle Marx para quem estivesse visitando a exposição e quisesse se aprofundar na sua obra, no seu legado, no seu processo criativo.
Apesar da exposição em Fortaleza não ter focado muito a dimensão paisagística, este texto tentará abordar amplamente esse tema. A exposição ofereceu um documentário com falas do próprio Burle Marx para quem estivesse visitando a exposição e quisesse se aprofundar na sua obra, no seu legado, no seu processo criativo.
A exposição "Burle Marx - Mostra Antológica e A Paisagem Monumental" revelou um trabalho multifacetado de um grande intelectual brasileiro reconhecido internacionalmente. A ênfase da curadoria da exposição era nos trabalhos de artes plásticas, com a complicadíssima missão de reunir um acervo valioso espalhado em coleções particulares pelo Brasil inteiro.
Roberto Burle Marx foi um revolucionário
do paisagismo e da jardinagem no mundo,
que começou a cultivar mudas e coleções de plantas
aos sete anos de idade
e,
ao final da sua vida, doou todo o seu acervo para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que transformou em museus o Sítio Burle Marx e o seu ateliê-escritório de arquitetura. Foi aluno de Cândido Portinari e professor de Lygia Clark. Seus projetos de mais de 2000 jardins fascinam pessoas ao redor do planeta, por retratarem com destaque a riqueza das formas e das cores vibrante da biodiverisidade tropical brasileira.
O paisagismo tinha definição de arte, segundo Burle Marx, por envolver conceitos estéticos como cores, formas, volumes, texturas, composição. Os seus jardins incluem espécies exóticas dos biomas brasileiros, que se unem desenhadas pela sua mão de artista, nunca permanecendo os mesmos espaços ao longo do tempo, por ter incluído nos projetos as épocas de floração de cada planta e suas possibilidades de combinações.
Possui trabalhos paisagísticos importantes como o Eixo Monumental de Brasília (em parceria com os arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, contemporâneos dos tempos de faculdade, da Escola Nacional de Belas Artes, que hoje pertence à UFRJ), o Parque do Ibirapuera em São Paulo, o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana no Rio de Janeiro e seu famoso calçadão curvilíneo, o Centro Cívico de Curitiba, a Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, a Embaixada do Brasil em Washington D.C. (EUA), os jardins do Centenário Theatro José de Alencar em Fortaleza.
Na capital do Ceará, além do jardim do teatro que homenageia um dos mais célebres escritores da literatura nacional, Burle Marx também projetou o jardim do Paço Municipal, antigo Palácio do Bispo, próximo à Catedral, no centro da cidade, que hoje abriga a Prefeitura Municipal de Fortaleza e, que, infelizmente, está interditado para a visitação pública.
Se estivesse vivo, Burle Marx avaliaria como um absurdo, um ultraje essa situação, por pertencer a uma geração que sonhou e lutou por arte e cultura vinculadas aos espaços públicos, à ocupação deles pela população como exercício da cidadania e do sentido de pertença.
Na capital do Ceará, além do jardim do teatro que homenageia um dos mais célebres escritores da literatura nacional, Burle Marx também projetou o jardim do Paço Municipal, antigo Palácio do Bispo, próximo à Catedral, no centro da cidade, que hoje abriga a Prefeitura Municipal de Fortaleza e, que, infelizmente, está interditado para a visitação pública.
Se estivesse vivo, Burle Marx avaliaria como um absurdo, um ultraje essa situação, por pertencer a uma geração que sonhou e lutou por arte e cultura vinculadas aos espaços públicos, à ocupação deles pela população como exercício da cidadania e do sentido de pertença.
Sua geração pensou o paisagismo,
a composição com as plantas e o verde
para suavizar a selva de pedra das metrópoles,
a dureza das construções de concreto armado,
a frieza inorgânica dos arranha-céus,
da desordenada e pouco acolhedora paisagem urbana.
É o contexto do país que sonhava em se desenvolver de qualquer maneira, a qualquer custo e intelectuais como Burle Marx chamavam a atenção da opinião pública para a preservação da natureza, o respeito ao meio ambiente, a importância das áreas verdes no espaço urbano, o valor inestimável da biodiversidade brasileira.
Através dos guias da exposição, soubemos que em Fortaleza há também dois projetos paisagísticos de Burle Marx nas avenidas Pontes Vieira e José Bastos que nunca saíram do papel e que, sem sombra de dúvidas, tornariam a capital cearense mais amena, com mais áreas verdes, verdadeiramente bela, beleza concretizada em todo o seu potencial. Acima, fotografia panorâmica do Parque Sarah Kubitstchek em Brasília, conhecido como Parque da Cidade, outro projeto paisagístico de Roberto Burle Marx.
Tinha um trânsito por diversas linguagens das artes visuais. Recebeu influência das vanguardas europeias, do modernismo brasileiro, da pintura mural cívica, das reflexões de arte pública, capaz de não só gerar prazer estético, contemplação de paisagem, mas também de despertar um olhar crítico.
Fez quadros com referências de seus projetos arquitetônicos e paisagísticos, design de joias contemplada na primeira parte da exposição - "Mostra Antológica", que reúne obras de várias fases do artista, entre as décadas de 1940 a 1990. "A Paisagem Monumental", segunda parte da exposição retrata as conexões burlemarxianas entre artes visuais, plásticas, arquitetura e paisagismo.
Quem complementou a sua visita vendo o documentário, teve uma visão geral, privilegiada, completa da obra e do legado de Roberto Burle Marx. O blog Cultura Ciliar parabeniza a Universidade de Fortaleza (UNIFOR), por mais uma exposição de arte da mais alta qualidade, sofisticação; refinamento, cuidado no trabalho curatorial, as obras estavam muito bem organizadas, interligadas nos ambientes.
Exposições como "Burle Marx - Mostra antológica e A Paisagem Monumental" são mesmo imperdíveis, oportunidades únicas para conhecermos trabalhos artísticos de brasileiros incríveis, que contribuíram imensamente para o patrimônio imaterial da sociedade brasileira, para a constituição e consolidação da cultura nacional. É motivo de alegria para a cidade de Fortaleza ter acolhido uma programação cultural dessa magnitude.
Conhecer a obra de Burle Marx
reafirma um orgulho patriótico,
além das questões aqui tratadas nas relações
entre arte, cultura e meio ambiente, tônicas dos textos
do blog Cultura Ciliar - Conciliar a natureza com a cultura.
Marco Leonel FukudaMúsico e estudante de Jornalismo.