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Full presentation of Lenny Bernstein w/
the Vienna Philharmonic playing Mahler's 1st symphony
SUITE
SINFONIA No 1 - EM RÉ MAIOR
COMPOSITOR : GUSTAV MAHLER
Magnifica representação profundamente
sentida "Vista" durante uma audição da
Sinfonia No 1, em Ré Maior " O TITÃ " em 1987
e transcrita em 1991.
PERSONAGENS
- Nove dançarinos : dois homens , sete mulheres
- Três Titãs: - o Vermelho - o Azul - o Amarelo - Velho Zeus
CENÁRIO
Paisagem de deserto - Pedras de vários tamanhos, empilhadas e espalhadas
- Alguns galhos modestamente floridos entre flores faíscantes
- Os dançarinos vestem algo como tangas ocres em longos panos enrolados do
joelho até a cabeça, prendendo-lhes os braços,imitando múmias ou fetos, quase encobrindo os olhos.
- Os Titãs vestem faixas brilhantes, cada qual de uma cor,em tons pastéis,contornando o peito e com as pontas descendo até aos tornozelos.
- Do Velho Zeus só se vê a enorme barba branca,entre tufos de nuvens ao alto,no último plano do palco.
PRIMEIRO ATO
1o movimento
- Langsam; Schleppend & 2o movimento - Kräftig bewegt
- Um silvo profundo e longíquo inicia e anuncia o nascer de um novo dia Muito do que parecia ser pedra espalhada no deserto,lentamente se mexe, espreguiça forçando o levantar cambaleante. Desajeitados ensaiam em mímica os primeiros passos, apalpam-se, descobrindo o corpo, as pernas,depois os braços tentando sincronizá-los em movimentos rudes de marionetes curiosas.
- Contorcem-se para livrarem-se das faixas que os prendem , trombando-se, caem, rolam uns sobre os outros recomeçando novos e mais ousados toques.Mais ágeis experimentam passos e gestos firmes,cadenciados,repetidos e imitados pelo grupo ora unido,ora disperso no entusiasmo de encontros ,
trombadas irritantes e enlaces amorosos até que amigáveis se guiam ,
caminham e se ajudam.
- A música distante colore com melodia de amanhecer num crescendo e a dança intensifica em ligeira agitação.
- Sombras recaem sobre cenário adormecendo-os a imitar embalo de dias e
noites de sonhos e ao toque da luz recomeçarem dinâmicos e confiantes.
- Predominavam até agora os gestos instintivos que evoluem, ganham
leveza; vai-e-vens que delineiam o aguçar da sensibilidade nascente....
- Repetem-se lentos,até que surge entre raios festivos,os três Titãs,de
passos largos,certeiros e dominantes. O Titã de faixa amarela empunha
uma tocha acesa.
- Á entrada dos Titãs, alvoroço,medo e correria para se esconderem atrás dos arbustos e das pedras que os Titãs vão retirando ,deixando os nativos apavorados.
- Ágeis numa dança super nova, os Titãs aos poucos vão conquistando os nativos, presos em suas
faixas apertadas
- Amigáveis,os Titãs dançam em volta da fogueira feita
com a tocha e aos poucos os nativos vão perdendo o medo do fogo.
Dançando mais íntimos, os Titãs desenrolam suavemente as faixas
amarradas nos corpos dos efêmeros,libertando os braços presos.
- Devagar,meio tímidos se contorcem,rodopiam alegres,se abraçam festivos.
(Debaixo das faixas, tangas e saiotes ao joelho, quase transparentes )
- Por longos minutos se olham, se apalpam e se enamoram.
- Oa Titãs ensinam-lhes novos passos e juntos se entregam febrilmente ao comando da música. Dos gestos saem trabalhos e em conjunto constroem a cidade em módulos ou blocos de pedras,abrindo,desenrlando enormes faixas
estampadas de bosque,prédios. fábricas ,imponente metrópole,entre
danças frenéticas,delírios,correria e novíssimos prazeres-
embriagadores,apaixonados,quase insanos.
- " O Primeiro Ato" é composto dos dois primeiros movimentos :
Lamgsam; Schleppend (devagar,vagaroso,lento,compassado;moroso
- lentamente,aos poucos, pé ante pé - arrastado;lânguido)
&
Kräftig bewegt(robusto,forte,substancioso, brioso,reforçado -
agitado,movimentado,encapelado,comovido,emocionado)
O andamento lânguido desenvolve-se para o brioso e emocionado, longo o bastante para plasmar o mistério da origem e o alçar da vontade de continuar
descobrindo, desenvolvendo a força humana e a coragem de se jogar à
beleza do ritmo da alegria terrestre.
Escolados pelos Titãs,os homens vão modificando o cenário, agora mais claro,enquanto dançam levantando hábilmente moderna metrópole.
Unidos,montam uma forte escada,degrau por
degrau,símbolo e caminho de acesso aos céus. ( cenário é montado rápido
no gestual dançante ) Agora os homens já sabem construir
organizados,obras de artes que intensificam seus prazeres super novos.
sentem-se poderosos e audazes tentam subir a escada que os levará às
estrelas.
- Do alto, o velho Zeus que a princípio se divertia com a
"dança" dos pequenos, começa a se inquietar,sentir-se ameaçado e
enfurecido com os acertos da criatura.Irado,descontrola-se em meio aos
inúmeros relâmpagos saídos das suas ventas que se transformam em
tempestade.
Num lápso de cólera,conclui ser melhor eliminar as ameaças
que se tornaram frequentes e capazes de invadir seus poderosos
sítios,seus segredos,sua majestade. Com a vaidade ferida,o soberano
deus dos céus, decide eliminar os homens e suas obras.
Ameaçador,pisa na escada.
FECHA O PANO
SEGUNDO ATO
3o movimento - Feierlich und gemessen
CENÁRIO
Estão no palco grandes faixas azuladas reproduzindo
cidade moderna.Bem ao centro destaca a forte escada montada no ato
anterior,esbarrando nas nuvens, onde Zeus se escondia e agora
irado,pisa resoluto. Relâmpagos anunciam a ira divina.
CENA
- Os homens assustados se armam e se empilham,unidos para lutar e um dos Titãs,o que veste a faixa amarela,o mais corajoso e sábio,toma para si o
encargo de representar e defender a todos.
- Comovido,melódico o Titã começa a "cantar" agradecendo a Vida, as criaturas, as conquistas diárias ao longo dos séculos. Desfia diante de Zeus,uma série de momentos árduos que lhes valeram as presentes e promissores avanços e graças. Canta,dança a alegria de vencer as tempestades do meio e de si mesmos.
Recria solene
cada frase poética captada na beleza
deste mundo inculto.
Exalta as maravilhas
descobertas nesta natureza.
Canta
a mansidão dos rios,
a imensidão dos mares,a serenidade
e a silenciosa quietude do carvalho altivo,
oferecendo cor,frescor e segurança.
Canta a delicadeza
das milhares de flores dos caminhos,
as belas formas seus distintos perfumes
e da maravilha dos frutos coloridos e doces.
Fala da magia
das cores,da música - canta a poesia
que os nativos conseguiram a duras penas,
colher e recolher nos paradoxos dos incontáveis enígmas.
Numa cena de extrema beleza o Titã sobe lento os degraus e descreve em
dança tântrica a batalha para organizarem-se em busca da mais profunda
razão de existir - Ser .
No quarto degrau,ao meio da escada, quase junto de Zeus, o Titã repete a magnífica cena , (e imitada na união e desdobramento dos corpos nas laterais) insistindo, tentando convencê-lo a cantar também, a se unir neste côro sagrado para eternizá-lo com sua majestosa aprovação.
Zeus estica o braço na direção ao peito do Titã e dali pega um fio brilhante, cor de rosa , que ele vai puxando em gestos largos e bruscos. contrastando com leveza dos passos e gestos expostos para lhe comover.
Tomado de suprema inveja,
fulgura dentro da súbita noite
um vendaval zoando entre raios e trovões ,
estrondos colossáis, enquanto o furor de Zeus
retumba e arranca de vez o fio brilhante
da vida do Titã que finalmente cai fulminado .
O caos impera derrubando a cidade ,transformado em escombros sobre os corpos que repetiram incessantes a dança tantrica .
FECHA CORTINA
TERCEIRO ATO
4o movimento - Stürmisch bewegt
CENÁRIO
A destruição do ato anterior,destacando a escada de sete degraus ao
fundo,entre as nuvens. Zeus,no alto da escada lança um olhar
fulminantemente vazio para baixo.
Olha para suas mãos,observa o brulho faiscante retirado do peito do Titã e num largo gesto comovido empurra forte contra seu peito,como querendo guardar ali o fio, a corrente de luz e o poder dabeleza do Titã.
E num lampejo
de soberana consciência,
constata o terrível silêncio,
ao ver o Titã vencido,inerte,
incapaz de produzir o menor ruído ,
o mais leve movimento melódico...
Desesperado mostra-se inteiro,arranca sua enorme túnica branca e
dourada, joga-a para cima que volta soltando estrelas que caem a cobrir
o Titã desfalecido aos pés da escada. No seu gigantesco furor
desesperado,vê seu estado real,estupidamente grave e a impiedosa
arrogância.Se dá conta do grande erro .
Alucinado esbraveja ao mesmo tempo que uma explosão inunda o palco.
Ás últimas faíscas Zeus está de braços caídos medita,se contorce de arrependimento
- destruíra sua mais bela obra.
Reflete angustiado: ( um côro distante canta seus
pensamentos)
- Quem agora iria temê-lo, alegrá-lo ou adorá-lo?
- Quem reacenderia sua sede de poder no reinar?
- Um rei todo poderoso...sem vassalos!
Zeus vê o quanto fugiu dos seus propósitos embasados na razão
e nas artes, atormenta-o ver-se endurecida sua sensibilidade e lucidez
ao invejar pequenos conquistadores de raras alegrias.
Detém-se em lembrar a superioridade e a nobreza das criaturas e conclui que só há uma maneira dele se perdoar,dele não mais merecer o próprio descomunal desprezo:
- Ele,silenciosamente.... nascerá !
E virá nas mesmas
condições que impôs às criaturas.
Andará
pelos mesmos caminhos escuros
e pedregosos.
Buscará vencer
os mesmos obstáculos das diversas naturezas.
E vai tentar recolher desta caminhada,
sem sua "coroa de poder" a mesmíssima beleza
que viu brotar das sementes indefesas e
valentes desbravadores de si mesmo .
Num gesto de grande realeza,
retira de sua cabeça a brilhante coroa,
arranca as enormes e pomposas barbas
e solenemente começa a descer a escada.
No terceiro degrau
perde o equilíbrio e continua a descida
rolando entre raios e trovoadas.
Uma multidão de relâmpagos e cores desgovernados inundam o palco festejando a descida de mais um ser que se dispõe a nascer.
As luzes pagam num breve intervalo, depois bem tênues a mostrar um corpo encolhido qual feto rente as pedras na escuridão Aos poucos é iluminado por uma e outra faísca,gerando nele pequenos movimentos.
Esforça-se,
tenta livrar-se contorcendo com dificuldade.
O crescimento dele
pode ser visto pelo alongamento gestual
sempre mais amplo.
Com dificuldade Zeus espreguiça medindo seus limites e,rompendo a imaginária envoltura,ensaia o primeiro sentar cambaleante,enquanto um surdo silvo vindo da escuridão mais densa ao fundo do palco o focaliza iluminando-o rapidamente e estimulando a levantar e seguir na direção do fio de luz azul. que o acordou.
Rápidos clarões
Abrindo os olhos,assusta´se com a claridade forte avermelhada que lhe bate no rosto Tem medo e para vencê-lo contorna com os braços o novo corpo,se protegendo e neste toque estremesse de prazer.
Por longo tempo
olha cada membro,se apalpa, carinhoso.
Demosntra o prazer do toque
e se repete mais enérgico e confiante.
. Devagar levanta
,mira ao redor e avista um fio d'água ,
toca-a saltitante e brincando se banha.
Todo molhado,dominando seus movimentos,gesticula meio dançante,
meio brusco como quem trabalha e luta. Luta contra o medo da noite,
o calor do dia, o cansaço e o sono.Recomeça interminavelmente e sofre.
Sofre abandono,perdas,lutas vãs e descobre quão difícil é sobreviver na natureza sob variações climáticas,as tempestades que o obrigam
refugiar-se as pressas . Sofre por querer avançar,vencer-se e o buscar a paz inexistente.
Longos
momentos de exaustão.
De vez em quando luzes fortes
entrecortam o silêncio da impotência reconhecida.
Vai e vem,
pula e dança ,descansa e luta.
Desperta,levanta a cabeça a procura de ajuda e extático medita
olhando o céu. Volta à fonte,banhaha-se sereno e vai-se impregnando da
música deliciosa que o chama para nova realidade.
Caminha meditativo, acaricia as pedras.
Empolgado colhe entre a folhagem uma pequenina flor
nascida perto do fio d'água que lhe inspira grande ternura
Ama-a intensamente e afinal sorri rodopiando feliz
Contém-se
segurando a florzinha
girando e abraçando a minúscula prenda
e num gesto de máxima alegria, ajoelha,
adora-a , beija-a e a levanta ao céu.
É agora
um homem integrado,
reconciliado com a vida e dança a alegria de viver.
Sua felicidade
chega aos céus que se abalam
movidos pela força
da alegria.
Delira dançando
sua felicidade de estar aqui.
Relâmpagos insistentes jorram uma profusão de raios e uma chuva de flores coloridas descem por todo o palco. Encaminha-se confiante para a escada, sobe dançando e ao chegar no quarto degrau , contempla o mundo.
As luzes seguem agora a seqüencia do arco-iris e quando chega ao violeta, vê-se Zeus sentado em posição de lótus ,em meditação, formando com a união dos dedos um triângulo junto ao peito.
O quarto degrau da escada é mais largo
- um patamar no meio dos sete degraus,e, alí em recolheimento, lentamente
sobem contornando-o , saindo do chão, enormes pétalas de lótus rosada ,
tranparentes , leitosamente delicada. Zeus sentado ,ergue os braços e
em dança tantrica suave dentro da flor que lentamente se fecha até
formar um gigante botão de lótus iluminado
- A enorme flor recebendo foco de luz rosada, volta à cor branca original radiando luzes ondulantes ,formando um oceano em sua base ( Faixas azuis de plástico transparente, respingadas de tons prateados, ondulam como mar)
- Da base da enorme flor de lótus, aos poucos vão subindo raios de luz como se dela saíssem,formando um radiante Sol. Ao chegar o último feixe de luz
a sinfonia solta os últimos acordes.
Encerra a música e por vinte segundos,
só fica o Homem-Sol no mais belo silêncio!
(fechado dentro do Lótus branco iluminado.)
CAI O PANO
FIM