TUDO SOBRE JOÃO UBALDO RIBEIRO
Cultura

TUDO SOBRE JOÃO UBALDO RIBEIRO


O Brasil perdeu ontem um de seus maiores nomes no campo da literatura. João Ubaldo Ribeiro saiu da terra e foi juntar-se as estrelas mais brilhantes do céu e o Outros 300 adianta algumas informações novas acerca do grande autor. João Ubaldo preparava secretamente um novo livro, por exemplo. Saiba essas e outras informações lendo a matéria completa.


As principais obras de João Ubaldo Ribeiro

Do primeiro ao último livro, o escritor e jornalista João Ubaldo Ribeiro retratou como poucos a alma do brasileiro. "Toda obra dele fala sobre o povo brasileiro, o que é a brasilidade, quais são as características do nosso povo", afirmou o escritor Luís Fernando VerIssimo, em depoimento exclusivo.

"Setembro não tem Sentido" (1968) :: Foi o primeiro romance do escritor. Com humor e deboche, narra o encontro de um grupo de intelectuais baianos durante a semana da pátria

"Dez Bons Conselhos de Meu Pai" (2011) :: Último trabalho infantil do baiano, o livro traz as sentenças cruas e diretas que seu pai, Manuel Ribeiro, lhe repassava


Obras de João Ubaldo também fizeram sucesso no cinema, na TV e no teatro

Escritor prolífico, com mais de 20 livros publicados --entre romances, contos, crônicas, ensaios e literatura infanto-juvenil--, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, que morreu nesta sexta (18) aos 73 anos, também fez sucesso no cinema, na TV, e no teatro, com adaptações que agradaram à crítica, como o filme "Sargento Getúlio", ou conquistaram o grande público, como o monólogo "A Casa dos Budas Ditosos". Na TV, seus romances e contos ainda viraram a novela "O Sorriso do Lagarto" e inúmeros programas especiais na Globo.


Cinema

Um dos livros que consagrou o nome de João Ubaldo entre os grandes da literatura brasileira, "Sargento Getúlio" virou filme em 1982 pelas mãos do cineasta Hermanno Penna, que escalou Lima Duarte para interpretar o protagonista. O longa gira em torno da jornada do rude sargento, que está escoltando um prisioneiro quando, em virtude de mudanças no panorama político, recebe ordens para libertar o preso. "Sargento Getúlio" foi o grande vencedor do Festival de Gramado em 1983, quando levou os prêmios de melhor ator (Lima Duarte), melhor ator coadjuvante (Orlando Vieira), melhor som direto, melhor filme, prêmio da crítica, prêmio da imprensa e prêmio do júri.

Além de ver sua própria obra nas telas, o escritor colaborou no roteiro da adaptação para o cinema de "Tieta do Agreste", de Jorge Amado, com direção de Cacá Diegues. O filme foi lançado em 1996, com Sônia Braga como protagonista.

João Ubaldo também trabalhou com Cacá Diegues para transformar seu conto "O Santo que Não Acreditava em Deus" no roteiro do filme "Deus é Brasileiro", lançado em 2003. Um dos primeiros sucessos do ator Wagner Moura, que atuou ao lado de Antônio Fagundes como o guia de Deus na busca de um substituto, o longa foi visto por cerca de 1,6 milhões de pessoas.


TV

Na televisão, inúmeras obras de João Ubaldo ganharam vida em forma de novela e especiais.Um dos casos mais notórios é o de "O Sorriso do Lagarto", novela exibida entre junho e agosto de 1991, na Globo. A adaptação foi escrita por Walter Negrão e protagonizada por Tony Ramos e Maitê Proença, que viveram o par romântico --um biológo que abandona a profissão para viver da pesca e a infeliz mulher do secretário de saúde da Ilha de Santa Cruz, que vivem seu romance em meio a investigações de um crime.

Assim como no cinema, na TV João Ubaldo também ajudou a adaptar outra obra de Jorge Amado, "Os Pastores da Noite", para o especial "O Compadre de Ogum", exibido na programação de fim de ano da Globo em 1994.

Outras obras do escritor foram transformadas em programas especiais , como "O Santo que Não Acreditava em Deus" (1994), "A Maldita" (1995), e "O Poder da Arte e da Palavra" (1994), todos exibidos na Globo.


Teatro

João Ubaldo não chegou a escrever peças de teatro, mas um de seus livros mais "escandalosos", "A Casa dos Budas Ditosos" (1999), foi para os palcos em um monólogo dirigido por Domingos de Oliveira, com Fernanda Torres no papel da libertina senhora de 68 anos que conta suas experiências sexuais. A peça ficou em cartaz em diferentes temporadas de 2003 a 2010 e reestreou em 2013.


Secretária: Ubaldo escrevia novo livro em sigilo e tentava largar o cigarro

Valéria dos Santos, secretária pessoal de João Ubaldo Ribeiro nos últimos dez anos, contou em entrevista que o escritor estava trabalhando em um novo romance há cerca de um ano e meio. O título e o tema do livro, no entanto, eram mantidos em sigilo pelo autor.

Como Valéria era a pessoa responsável por agendar todos os compromissos de Ubaldo, ele não quis revelar os detalhes de seu novo livro nem a ela, pois não queria que ninguém a procurasse para saber os detalhes. "Ele estava animado com o livro. Acordava todo dia muito cedo, às 4h, 5h, e já começava a escrever. Por causa do romance, me pediu para cercear os convites que recebia", conta a secretária, que também não sabe dizer quantas páginas o autor já havia escrito da obra.

Segundo a funcionária, Ubaldo estava bem de saúde. Ela lembra, no entanto, que no último mês de maio o escritor foi internado no hospital Samaritano, no Rio, pois estava com dificuldade para respirar. "O médico pediu que ele parasse de fumar. Quando teve alta, estava bem. Ele fumou a vida inteira, mas estava conseguindo reduzir. Ultimamente, não chegava a fumar nem um maço por dia", revela a secretária.

Ela diz, no entanto, que o escritor andava em uma rotina "desgastante", por conta do acúmulo do trabalho no novo livro com o da coluna semanal que ele publicava no jornal "O Globo". "Ele tinha que entregar a coluna na quinta-feira para ser publicada no domingo. Para escrever o texto, ele passava os dias de terça e quarta pesquisando o tema." Ainda de acordo com a secretária, ele sempre despachava com ela via Skype ou e-mail, pois não gostava de falar ao telefone.

Valéria também revela detalhes sobre a morte do romancista. Ela conta que, por volta das 3h desta sexta (18), ele acordou sua mulher, Berenice, passando mal e pedindo socorro. Berenice e Francisca, filha que morava com o casal, chamaram socorro. O médico pessoal do escritor também chegou a ir à residência. O estado de Ubaldo, no entanto, se agravou, e os médicos não conseguiram reanimá-lo. Ele morreu por volta das 5h.

"Ele era um gentleman. De uma delicadeza para lidar com o ser humano muito grande. Era um homem muito delicado", define a secretária.


Verissimo sobre João Ubaldo Ribeiro: "Ele era o verdadeiro Caymmi"

O escritor Luis Fernando Verissimo acordou na manhã desta sexta-feira (18) com a notícia da morte do amigo João Ubaldo Ribeiro. "Fiquei muito surpreso. Não sabia que ele estava doente", disse o gaúcho, por telefone. "Era um grande escritor, um dos nossos melhores". Ubaldo, autor de obras como "A Casa dos Budas Ditosos" e "Sargento Getúlio", morreu aos 73 anos, vítima de embolia pulmonar, em sua casa no Rio.

Atualmente, Verissimo e João Ubaldo se viam pouco, mas continuavam amigos. "Ele era muito divertido. Brincávamos que ele tinha uma boa voz. Cantava muito. Falávamos que o verdadeiro Dorival Caymmi era ele".

Da obra do baiano, Verissimo destaca "O Sargento Getúlio", lançado em 1971, como sua obra-prima. "Talvez tenha sido a melhor coisa que ele escreveu. Essa e toda obra dele falam sobre o povo brasileiro, o que é a brasilidade, quais são as características do nosso povo".

Segundo livro de Ubaldo, "Sargento Getúlio" foi consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, levando o escritor a comparações com Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. A obra, que aborda o banditismo no sertão e usa uma linguagem coloquial repleta de regionalismos, foi adaptado ao cinema e protagonizado por Lima Duarte, e lhe rendeu um Prêmio Jabuti de autor revelação.

"A CASA DOS BUDAS DITOSOS" VOCÊ TEM DE LER ESSE CLÁSSICO"...

... Mas só se você não for o tipo de leitor que se choca com o que lê, ou melhor, se você não for um miserável hipócrita que segue a tolas convenções sociais e que, com isso, perde os melhores - e mais gostosos - prazeres da vida, conforme o pensamento, ou melhor, convicção de CLB a senhora de 68 anos que narra a estória.


A Casa dos Budas Ditosos (o título nada a ver com o teor da estória) é de autoria de João Ubaldo Ribeiro e faz parte da linha "Plenos Pecados" uma coletânea da Objetiva que tem como mote a abordagem aos sete pecados capitais ("Clube dos Anjos" - série gula - também é ótimo!). A Casa... especificamente, abordará a luxúria. Vamos a estória...

Conforme dito, o livro é uma entrevista (nada convencional) com CLB uma senhora de 68 anos que sofre de uma enfermidade que poderá matá-la a qualquer momento. Por isso ela decide, antes de morrer, contar a estória de sua vida. Vida esta recheada com muito sexo, drogas e aventuras, ou seja, o supra sumo da luxúria.

O livro retrata como o sexo era visto, feito e pensado pelo passar do tempo, desde a adolescencia da narradora até a idade atual. A protagonista se envolve desde que com seu irmão e tio, até com amigos, mulheres e animais. Engana-se quem acredita que o livro seja pornográfico e meramente de relatos sexuais de baixo nível, aliás, longe disso até. "A Casa..." é um livro complexo, reflexivo e que te bota a pensar sobre o que realmente é certo e errado em nossas vidas e em como deixamos de fazer as coisas preocupados com o que a sociedade irá pensar de nós.

Segundo minha opinião você não pode passar pela vida sem ter lido "A Casa dos Budas Ditosos" nem que seja para desconjurar quem escreveu, leu, viveu e gostou disto tudo. O livro é de 1999, mas já é um clássico! Recomendo de verdade.

João Ubaldo Ribeiro, autor de outros grandes sucessos como "Viva o povo brasileiro", escreveu "A Casa dos Budas Ditosos" em 1998.



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