Ontem assistindo os programas noturnos de notícias (cada vez menos "Fantásticos ou Espetaculares") me  deparei com reportagens envolvendo um caso de uma jovem que brigava  judicialmente para poder congelar o pai dela, num processo criado nos  Estados Unidos (sempre eles né?) onde humanos, após mortos, são  congelados em temperatura ultra baixa esperando pela "cura da morte".  Isso mesmo, eles acreditam, segundo a empresa que mantem várias  cadáveres congelados que, em cerca de 50 anos os homens terão descoberto  uma forma de não morrer, ou morrer e viver de novo, enfim, um desparate  que eles acreditam que irá acontecer daqui a meio século de estudos  mais ou menos.
Imaginem  a cena: Supondo que a "cura da morte" ocorra como será seu processo?  Será barato (provavelmente não)? Como será que as pessoas "recém-vivas"  lhes darão com a perda de vários e vários parentes e amigos queridos? E a  religião? Alguma dúvida que será terminantemente contra? Imaginem a  cena: Não consigo pensar em outra coisa senão o caos!
O  medo da morte é um mal que aflige a sociedade desde sempre. Querer  driblá-la é algo que ocorre a muito tempo, sempre, claro, sem sucesso e,  a rigor, é o que mantem nossa sociedade como está. Imaginem um mundo  sem morte. Limites serão desprezados e a negligência com a vida humana  será ainda maior. As religiões perderão sentido e, se partirmos do  pressuposto que, por fim, elas que regulam as leis, viveremos numa terra  de ninguém. Haverá a situação inusitada de termos alguns humanos que,  por convicções, preferirão "continuar mortos". E anos e anos de estudos  científicos, filosóficos e religiosos cairão por terra, quando  finalmente descobrirmos o que há post-mortem. 
Sempre  tive muito mais medo das coisas da ciência do que de qualquer coisa que  envolva religião e, admito, tenho tido ainda mais medo nos últimos  tempos. Tem gente que diz que temos medo daquilo que não conhecemos, eu  tenho medo exatamente do contrário, tenho medo daquilo que exatamente eu  conheço, que é a hipocrisia, a ganância e a arrogância humana. 
Por favor só não me tirem o direito de poder morrer em paz, e sem volta.
 
