A Genialidade e o Puro Sujeito que Conhece
Para podermos investigar sobre o gênio precisamos ter em mente que o único viés para apreender as Ideias, como Schopenhauer apresenta em sua obra ?Metafísica do Belo?, é a pura contemplação, um mirar profundo que vai além da análise física e estética do objeto, em outras palavras, um mirar que se eleva acima do que o rodeia.
A capacidade preponderante de apreender as Ideias das coisas por intuição contemplativa e puramente objetiva, a qual só acontece na medida em que é abandonado o modo de consideração conforme o princípio de razão, pertence ao gênio enquanto ?puro sujeito que conhece?. Para todo sujeito que for participar desse mirar profundo, dessa pura contemplação, é exigido dele uma ?pura disposição objetiva, isto é, esquecimento completo da própria pessoa e de suas relações?, por isso é a objetividade mais perfeita, e que Schopenhauer a chama de genialidade.
Assim, o característico da genialidade não se expressa na criação artística, mas no mero conhecimento da Ideia, capacidade possuída, em maior ou menor grau, por qualquer homem enquanto puro sujeito que conhece.
Alcançando ideias através da pintura de paisagem
O indivíduo que elevar-se para apreender as ideias, que estão aquém das coisas físicas e lógicas, portanto, aquém dos conceitos que a razão domina, terá de intuí-las e assim irá adquirir um puro conhecer do mundo que não dependa do princípio de razão.
Este conhecer que é independente da razão e destituído da vontade que move tudo que há no mundo, é o que podemos chamar de contemplação da ideia enquanto objeto puro e isolado do mundo. Este conhecimento puro apreendido através da contemplação é que origina um objeto de arte feito pelo gênio que apreendeu a ideia.
Todos podemos contemplar uma ideia que esteja representada em uma obra de arte, porém nossa dificuldade não está em apreender a ideia ou o belo através de uma obra de arte, está em aprrende-la diretamente da natureza, assim como faz o gênio. "Sem a intermediação da arte, o mundo vegetal ou a natureza morta se oferece em quase toda parte para a fruição estética. Entretanto, na medida que é propriamente
OBJETO DE ARTE,
seu domínio reside na pintura de paisagem".
Em uma exposição, seja ela do mundo vegetal, ou de construções, rochedos, ruínas ou igrejas, "o lado subjetivo da fruição estética é preponderante, ou seja, nossa alegria aí não reside imediata e principalmente na apreensão das ideias exposatas, e sim mais no corelato subjetivo dessa concepção, no estado puro do conhecer destituído de vontade: o pintor nos deixa de fato ver as coisas pelos seus olhos". Nesse ponto podemos apreender as ideias com ajuda de uma obra de arte, contemplá-las e nos satisfazermos com alegria, mas isso ainda assim nos parece cabível, díficil é aceitar que não há explicação racional para alcançarmos tais ideias diretamente da natureza, só o gênio pode fazer isso.
Um veneno chamado dóxa.
Eu lendo "O mundo como vontade e representação" de Arthur Schopenhauer me deparo com uma frase de Berkeley: "Few men think; yet all will have opinions" (Poucos homens pensam, ainda que todos queiram ter opiniões).
Daí me pergunto se o trabalho desses filósofos podem ser agredidos ou perdidos em meio a, agora usando palavras do próprio Shcopenhauer, "tantos espíritos que espalham sua influência nefasta por gerações inteiras, às vezes séculos, sim , aumentando e proliferando, por fim degenerando em monstruosidade."
Por fim, devemos nos dar ao trabalho de, ao menos, respeitar suas obras e se possível apresentá-las ao maior número de pessoas sem que sejam intoxicadas por nossas venenosas dóxas, ou opiniões. E é claro, lembrando que nada tem de gloriosas, essas opiniões, como sugere alguns dicionários ao traduzir dóxa como "glória".
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