“Porque é no trânsito que sobra tempo para ouvir discografias nos dias de hoje”
A primeira música que toquei (ou tentei tocar) em minha vida foi “Imagine”, de John Lennon.
Sim, já era a minha preferida desde criança, mas quando descobri que era a música preferida daquela menina que eu estava apaixonado no alto dos meus 15 anos, tratei de correr pra casa e pedir para minha mãe me ensinar a tocar, afinal eu queria surpreender a gatinha, né?
E não é que rendeu frutos? Pois sim. Hoje é aniversário dela e não podia deixar de falar de John nesse dia e aproveitar para homenagear ambos. “Imagine” foi a música que gravei em fitinhas K7 para ela, em shows com o Mr. Roll nos anos 90, eu sempre arriscava tocar sozinho na guitarra nos intervalos da banda, cantei até em nosso casamento e lá se vão 22 anos desde os primeiros acordes em Dó maior que aprendi.
Ok, obrigado John e Lílian por tudo isso, mas a discografia que disponibilizei para download não irá ter os “classicões” dele, incluindo a belíssima e perfeita “Imagine”.
Hoje, quero apresentar para quem não conhece, o outro lado da obra solo desse que é um dos maiores ícones da música mundial de todos os tempos. Eu era fã do John antes dos Beatles, que só vim a conhecer depois.
E como não se tornar uma Beatlemaníaco, não é mesmo? Cheguei a esse ponto sim, mas com o tempo a palavra “maníaco” foi perdendo o sentido para mim. Amo os Beatles até hoje e (quase) tudo que eles fizeram, mas tenho um carinho especial pela carreira solo deles, em especial a do John.
Então (sei que serei crucificado por muitos fãs dos Beatles), eu não vejo Yoko Ono como um monstro que destruiu os FAB4. Para mim, Yoko foi um refresh, um F5 na veia criativa de John. Não precisa muito esforço para ver a mudança musical de John pós-fim da banda.
De cara, ele já subiu o tom da sua voz, o que demonstra que talvez estivesse mais solto, mais seguro e tranqüilo, sem medos de errar. E como errava!
Mas ao mesmo tempo, talvez ele tenha resgatado a rebeldia de adolescente abafada pelos objetivos comerciais dos Beatles, sem falar da doçura romântica sumida nos momentos finais dos quatro monstros de Liverpool.
Esse John é o que eu gosto, o contestador, o crítico, questionador, briguento, ácido, polêmico e que depois de tudo isso, sem medo ou vergonha, lhe saca uma rosa e diz “paz e amor, cara”.
Nessa discografia, procurei poupar seu tempo com tantas músicas já eternizadas. Aqui, você irá ouvir ele “xingar” Paul McCartney, pedir perdão, implorar pela verdade, questionar santidades e se derreter de amores por Yoko, lógico.
O resultado disso são muitas coisas criativas, geniais, pinceladas singelas ou pegadas fortes na guitarra sempre acompanhado de grandes músicos, como o monstruoso baterista Jim Keltner e o baixista Klaus Voormann, esse, um cara que sempre adorei seu estilo e foi a fonte inspiradora para as linhas de baixo do Bando de Conga.
Inevitável ter uma ou outra bastante conhecida por todos, mas procurei colocar em versões diferenciadas e tudo já na nova remasterização feita por Yoko.
Ok, quero mostrar um lado novo do meu maior ídolo na música, mas é irresistível terminar essa coluna com uma frase de uma canção dele que não seja de “Imagine”. Ainda mais nesse dia tão especial.
“You may say, I’m a dreamer. But I’m not only one.” (Para Lilian)
Baixe a discografia de John Lennon (seleção minha): http://www.4shared.com/rar/kQyDgmES/Discografia_em_Trnsito_-_John_.html?
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(Texto de Juliano Nogueira publicado no site http://www.enfu.com.br em 18/05/2012)