Luiz Alberto Mantovani é escritor, jornalista, professor de Língua Portuguesa e LIBRAS. É formado em Letras-Português pela UFES. “Recomeço” é seu primeiro livro. Confira, abaixo, a entrevista com o escritor:
1 – Olá, Luiz. Primeiramente, como surgiu sua paixão pelas artes?
Resposta: Bem, é uma coisa meio de família, sabe... Meu primo foi um diretor de teatro espetacular. Só não foi para a TV por ser arrimo de família. Começaram a carreira com ele, Paulo Betti, Eliane Giardini, Roberto Gil Camargo e outros mais, todos de Sorocaba/SP. Eu fiz teatro amador, leituras dramáticas, etc. Anos depois fui tentar a carreira na TV, fiz dois testes para ser Vj na MTV, foi uma época muito importante na minha vida. Escrevo desde a minha adolescência, já escrevi muitos artigos de opinião para o “Diário de Sorocaba”. Curto também fotografias artísticas, aquelas em que a gente olha e fica parado, estático... Para falar a verdade, tudo que é arte não tem como ficar sem admirar. Agora, escrever é viajar no tempo sem olhar para o relógio, esquecendo o ponteiro e todos os minutos mais que o cerca.
2 – A escrita foi sua primeira paixão? O que você lia quando jovem? Quem lhe inspirou?
Resposta: Sempre foi, sempre... Eu lembro que lia revistas, jornais e livros. Poemas de Carlos Drummond de Andrade, livros de psicologia, livros que falassem de família, amizade e amor. Li muitos livros religiosos também, como a Bíblia, livros de hermenêutica e filosofia. Tenho uma grande paixão por livros sagrados. Embora muitos digam que religião não se discute, eu afirmo que ela é uma prioridade para mim. Deus está sempre em meu primeiro plano.
3 – Sabemos que você é um ser em extrema intimidade com a escrita, mas, nos diga, outros meios de artes o atraem? Quais? Tem alguma aptidão artística além da escrita?
Resposta: Como eu já disse acima. O teatro me fascina, a teledramaturgia, então, nem se fale. Adoro peças humorísticas, assim como novelas também. É uma pena que a televisão esteja tão decaída, antigamente ela dava prazer, hoje dá náuseas. Programas bons e de qualidade vemos na televisão a cabo, grandes documentários que enchem os olhos. Tristeza é saber que tem acesso a ela são as classes com um poder aquisitivo mais significativo. As classes mais baixas têm que se contentar com apresentadores de emissoras abertas medíocres e sensacionalistas. Talvez eu tenha saído um pouco da pergunta, mas creio na importância de termos um povo mais alfabetizado e letrado, que saiba votar e exigir direitos iguais. Sou apaixonado por aviões, fotografias artísticas, músicas de boa qualidade como Blues, jazz e rock. Na verdade, creio que não existe arte que eu não goste de verdade, eu amo tudo que esteja relacionado a ela...
4 – Como e quando surgiu sua aptidão para a escrita? Quando você achou que era um escritor de fato?
Resposta: Foi em uma sala de aula do ensino fundamental, estávamos tendo aula de língua portuguesa com a professora Terezinha. Lá eu escrevi meu pequeno poema:
“Eu gostava tanto dela
Debruçado na janela...
Ela parecia uma criança toda feita de esperança...”
Ele está guardado lá em Sorocaba, as sete chaves... Eu achei que era realmente um escritor quando lancei meu primeiro livro “Recomeço” em São Paulo. Sabe aquele sonho de criança, que você tem, pois então: Eu lancei o meu livro no bairro onde nasci, cresci e trabalhei durante anos. A ficha caiu quando olhei a minha volta e vi toda a minha família ao meu redor, vi os meus amigos e amigas que brincavam comigo, era o lançamento do meu livro. Sinceramente é um momento único, é uma reflexão verdadeira sobre o que vale a pena na vida.
5 – Como é seu processo criativo? Quais são suas fontes de inspiração?
Resposta: Não preciso de inspiração para escrever, nunca tive isso, quero dizer aquelas coisas de escrever somente quando estamos apaixonados. Escrever é colocar as palavras no papel, simplesmente isso... Depois vamos lapidando, concertando-as. Escrever é como um artista plástico que vai moldando aos poucos a sua arte... Minhas fontes de inspiração são as minhas famílias daqui do Espírito Santo e de São Paulo, meus amigos e amigas daqui e de lá também. Grandes escritores como Jorge Luis Borges, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Oscar Wilde estão presentes para sempre em minha biblioteca. Não posso deixar de falar da minha fé, ela foi e para sempre será a maior de todas as fontes da minha inspiração.
6 – Você está lançando o livro “Recomeço”. A história começa no dia em que você muda-se de Sorocaba para o Espírito Santo. Com narração rica em detalhes, você relata o que foi essa mudança ocorrida há cinco anos. Conte-nos um pouco sobre “Recomeço”.
Resposta: Meu “recomeço” foi difícil, complexo e com um árduo processo de adaptação. Não tinha amigos e amigas aqui no Estado do Espírito Santo, fiquei mais de um ano e meio desempregado, encontrei muitas dificuldades, muitas. Deixei em São Paulo 20 anos e quatro meses de vida pública, sem contar a família, pai, mãe, irmãos, amigos e amigas os quais amo de coração, sem eles eu não estaria aqui. Aos poucos a vida vai ensinando e mostrando os caminhos que devemos seguir. Entrei na UFES, e a partir de lá a minha começou a decolar novamente. Estudei muito durante todos esses anos, foi um longo caminho percorrido para chegar até aqui, até hoje não parei de estudar, acho de estudar, nunca paramos, não é mesmo? Bem, foi na universidade e através dos meus grandes amigos Renan de Andrade, Ricardo Salvalaio e José Domingos que comecei a levar a literatura mais a sério, e o resultado foi um livro escrito na universidade e mais dois projetos em andamento que no momento não posso dar detalhes... Finalizo essa minha resposta dizendo a importância da minha esposa e enteada em todo esse meu “Recomeço”. Elas tiveram papel primordial, por isso eu as amo e se hoje sou essa pessoa, devo a elas. A minha sogra Florentina Loss Franzin a quem junto com minha esposa Fátima e enteada Caroline foi me receber de braços abertos no aeroporto, eu a agradeço demais pela confiança e amizade. E os meus mais sinceros agradecimentos a todos as muitas outras pessoas que aqui não caberia espaço para eu falar o nome de cada uma. Muito Obrigado!
7 – Você classifica “Recomeço” como sendo um livro político-filosófico. Fale-nos sobre essa sua opinião.
Resposta: A vida é pura reflexão e eu simplesmente deixei uma vida toda para trás para construir uma família. Por isso é filosófico, muitas pessoas querem voar e não conseguem, suas asas estão presas ao dinheiro, as mulheres, aos homens, as famílias, aos amigos, as viagens e ao trabalho. Considero filosófico por isso, a vida é refletir sobre o que queremos e sonhamos, a vida é feita e construída através de atitudes, os fracassos são conseqüências de alguns tombos, mas faz parte, o sucesso vem logo atrás como um tsunami, engolindo toda depressão, angústia e frustração. Digo político, por vivermos em um país corrupto e corrupção é culpa do povo. Afinal, é ele quem vota e coloca os políticos que temos para administrar os nossos impostos. Enquanto não termos educação de qualidade, não teremos uma nação correta, digna, honesta. E como eu amo máximas, segue uma máxima político filosófica de Oscar Niemayer, umas das frases mais reflexivas que eu já li e ouvi sobra a nossa política: "Projetar Brasília para os Políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores prá vocês usarem como pinico. Hoje eu vejo, tristemente, que Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião, mas sim de Camburão”.
8 – O livro “Recomeço” é composto de máximas e mínimas. Por que escrever nesses gêneros? A receptividade é grande?
Resposta: Não sei, foi um projeto que nasceu através do laboratório do Professor de Literatura Portuguesa da UFES, Professor Dr. Paulo Roberto Sodré... Lá nasceu o esboço, gostei do gênero e dei continuidade ao trabalho. No fim, surgiu um livro muito além das minhas expectativas.
9 – É possível viver no Brasil escrevendo livros? Por quê?
Resposta: Nada é impossível para aquele que crê, seja em qualquer lugar e no que for fazer... Não tenho essa intenção, tudo é fruto de um trabalho e como todo trabalho, existe uma conseqüência... No momento, só penso em estudar e criar novos projetos, se um dia for para eu viver somente escrevendo livros, que ótimo, será muito bem vindo, vou fazer o que gosto ganhando dinheiro e, com uma editora cuidando de tudo para mim sem eu ter que esquentar a cabeça com nada...
10 – O que você acha dessa massificação dos livros de autoajuda e de vampiros? Acha que é bom para o mercado de livros? E para a população? O que falta para o povo brasileiro consumir uma boa arte?
Resposta: Eu não me importo muito com o que as pessoas lêem, mas me importo muito, para não falar exageradamente, com aquelas que não tem acesso a leitura nenhuma. Preocupa-me por exemplo, as crianças ribeirinhas do Amazonas que viajam quiilômetros dormindo em barcos e ainda correndo o risco de morrerem afogadas, tudo isso para assistir aula em lugares que sequer saberíamos que existiam se não fossem alguns documentários sérios que temos. Em muitos vilarejos, não existe professor e sim colaborador. Então pergunto? Livro de autoajuda pode ajudar em alguma coisa, existem pessoas doentes que são curadas através deles, os de vampiros podem não trazer nada de bom para muitos, mas vamos pensar pelo lado de quem lê e gosta, a de se concordar que quanto mais lemos, mais adquirimos o hábito de lermos cada dia mais e mais, desenvolvendo a nossa capacidade cognitiva, então, quem somos nós para falarmos o que é bom ou ruim? Vemos pessoas falando para não lermos isso, não lermos aquilo, mas o que essa pessoa está fazendo para ajudar aquelas que não tem um caderno sequer para escrever? Essas críticas para mim não querem dizer nada, não me preocupado com isso... O que falta para o povo brasileiro possuir uma boa arte é ter um governo mais alfabetizado e menos corrupto.
11 – Quando e onde será o lançamento de “Recomeço”?
Resposta: O lançamento do livro “Recomeço” será no dia 05 de maio de 2012 em Vila Velha/ES – Bairro Gaivotas - Salão de festas do Edifício Praia dos Namorados, 105 – Apto 904. Ponto de referência: passando o Supermercado Faé e a Praça das Gaivotas, segue em frente, próximo a Padaria Manos, segunda rua à direita, 3º prédio à esquerda, horário 18:30 às 22:00h.
12 – O que podemos esperar de Luiz Alberto Mantovani para 2012? Teremos projetos novos por aí?
Resposta: Grandes novidades. Dois projetos estão em andamento, enquanto existe carvão, o vapor segue em frente sem olhar para trás. Muito obrigado e um forte abraço para vocês!