Fabrício Costa, capixaba, natural de Ecoporanga, estuda Geografia na Universidade Federal do Espírito Santo e é poeta por vocação. Escreve desde menino, mas foi em 2010, aos 22 anos de idade, que publicou seu primeiro livro “O Riso que Contrasta”. Nesta obra, o autor nos presenteou com uma coletânea de poemas escritos desde os 12 anos de idade. Atualmente, Fabrício Costa trabalha em um novo projeto que deverá ser publicado em 2013. Confira, abaixo, o poema “Estrada do passado”:
ESTRADA DO PASSADO
Caminho na estrada observando árvores cortadas,
paisagens declinadas,
perfumes e prazeres,
dores e desertos,
contrastes esculpidos em formas disformes.
Lembranças do sítio,
das negrinhas e narizinhos,
dos sonhos, dos sacis,
de Monteiro, de montanhas,
do gato malhado mal-amado,
de Jorge Amado e suas sinhás andorinhas.
Na estrada do passado,
perfumes das flores dos cafezais.
Odores, odores do estrume de vacas e outros animais.
Perfumes apagados por tratores e maçaricos,
vidas ceifadas na violência do progresso.
Na estrada do passado não se passa mais,
olha-se apenas,
nela observa-se quase nada,
de olhá-la quem não passou não sente, vê-se em preto e branco.
Na estrada do passado,
quem tem memória curta esquece,
não há lamento,
mas, quando a memória é longa,
basta apenas um olhar cheio de lembranças,
basta lembrar para sentir.
Sentir odores e sabores,
dissabores e lembranças,
gotas de cores e esperanças,
de que a terra cheire a cravo e canela,
de que um dia acabe a guerra,
de que na terra cresça de novo a semente,
de que a terra alimente,
de que na terra, minha terra,
cresçam pessoas decentes.