O VMB DA MTV PODE SERVIR DE REFERÊNCIA DE MÚSICA NACIONAL BOA?

Ontem (20/10) aconteceu o VMB Video Music Brasil da MTV que premia os (teoricamente) melhores artistas do ano. Se a televisão que era (ou ainda é?) a referência quando se trata de música no país distribuiu prêmios de sua "academia" podemos dizer que ela (a MTV) ainda é referência de música boa no Brasil?

Não. Não podemos. A começar que a festa da música feita pela emissora paulista é mais para mostrar que ainda não faliu do que propriamente se tratar de um marco na carreira de quem é premiado (como era nos anos 90). Com a invasão da internet e o aparecimento de concorrentes fortes como o Multishow e a MixTV a MTV Brasil perdeu muito de sua força (e muito de sua identididade também) com o passar do anos. De referência musical - e de costumes da juventude - a emissora passou a ser simplesmente uma retransmissora do que bomba na internet (o que abre espeço para um leque de bobagens e gente sem qualidade). A única coisa ainda autêntica na MTV é o Marcelo Adnet que não por coincidência foi o apresentador do programa.


A emissora pecou no que devia ser sua tábua de salvação. Pela primeira vez não subdividiu as categorias e prêmios dentre os estilos musicais e, o pior, acabou com as premiações técnicas como melhor direção, edição e fotografias dos videoclipes. Se o vídeo perdeu grande parte de sua força propagandista com o tempo, a qualidade de quem o faz não. Ainda mais que a grande concorrente - a Multishow - também premia os hits do ano, artista do ano, etc. Então porque não ser diferente naquilo que era o maior mote da MTV que são os videoclipes?


Sem as subdivisões, o VMB passou a ser um samba de uma nota só no tange a suas premiações. Se no ano passado o rock colorido do Restart ganhou tudo (o que fez a emissora tirar 7 categorias de voto popular, voltando para o voto técnico), neste ano a premiação foi toda para o Rap. Emicida e Criolo dominaram a premiação levando cinco troféus para a "periferia". Fora os rappers só um tal grupo chamado CW7 ganhou o hit do ano com Me acorde pra vida (você já ouviu essa banda e essa música?). Um detalhe: De música, essa era a única categoria de voto popular (o antigo "Escolha da audiência") ou seja, será que a audiência MTVesca gostou da enxurrada de prêmios ganha pelos rappers sendo que a única que ela podia escolher foi dada a um grupo de rock? Outro grupo não de rap a ganhar alguma coisa foi o grupo Tono que ganhou como aposta (quem não ouviu, não ouça, pois só quem aposta neste grupo deve ser só as mães deles e a MTV sabe-se lá porquê).


A diminuição da importância do antes apoteótico prêmio de escolha de audiência mostra o quanto a influência da internet é nociva para a MTV e o quanto a garotada tem ouvido/escolhido mal seus ídolos. Não que Emicida e Criolo (as escolhas da própria MTV) sejam duas Brastemps, longe disso. Emicida que abocanhou os prêmios de artista e clipe do ano é um bom rapper, mas vejo-o no mesmo patamar de MVBill, Xis, e Rapin Hood, por exemplo. Ganhar como o artista do ano, pra mim, foi um exagero (muito humildemente acho que este posto deveria ter ficado com Marcelo Camelo, Fresno ou Pitty que tiveram momentos melhores em 2011). Já Criolo foi ainda melhor, pois ganhou como revelação, música (Não existe amor em SP) e disco do ano. O cara é bom, mas inexpressivo que só. Às vezes parece que canta por obrigação, sei lá. A música vencedora dele realmente é boa, muito bem escrita, e, de fato, ele foi uma boa revelação neste ano. Injustiça pra mim foi o prêmio de melhor álbum para um disco sem gás e que somente tem três ou quatro grandes momentos (muito humildemente 2 acho que o prêmio deveria ser do Móveis Coloniais de Acajú, do Marcelo Jeneci ou do Marcelo Camelo).


Em suma, o VMB elegeu os seus preferidos deixando de lado o que sua audiência ouve/vê e, principalmente quem não é nem tão bom assim.

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