Esta obra é formada pelas seguintes partes:
Kyrie eleison
Gloria in excelsis Deo
Credo in unum Deum
Sanctus
Benedictus
Agnus Dei
Foi no mês de março de 1779 que Mozart escreveu a Missa da Coroação. A origem e o sentido do título não são claros. A hipótese mais versátil é a de que ela faria alusão a uma imagem da virgem conservada num santuário nas rendondezas de Salzburg, a "Maria am Plaine". Sua coroação acontecera em 1751, e era comemorada com muita pompa a cada ano. Não se encontra na obra todo o poder do texto litúrgico, nem a aplicação absoluta da música sacra tradicional em latim, pelo menos num grau de perfeição mais poderoso que no gregoriano e na música litúrgica da Renascença. Mozart pensa nelas dentro de formas que lhe são naturais e é nestas formas que ele aplica o texto, rompendo mais de uma vez com sua estrutura interna.
O Kyrie se apresenta como forma tripartida que retornará e no qual o primeiro trecho, assim como o último, se desenrola juntamente com o coro e a orquestra, enquanto o trecho central, mais rápido, é confiado aos solistas (soprano e tenor), apresentando uma bela melodia que se voltará a ouvir na última parte.
O Glória, comporta temas variados, o que não impede de formar um complexo único e de apresentar uma coerência. É dedicado quase que inteiramente ao coro e ao conjunto orquestral, com exceção de uma intervenção muito breve dos solistas.
O Credo tem cinco partes bem distintas. A primeira é, no fundo, de forma-sonata inteiramente, com uma exposição, um tema central e uma reexposição, chegando ao fim sobre as palavras "descendit de caelis". Já o tema central começa sobre as palavras "et incarnatus est". Trata-se de uma passagem em adágio, o primeiro movimento em que os solistas intervêm e uma das passagens mais expressivas de toda a obra. A reexposição começa sobre as palavras "et resurrexit". Ouve-se novamente o tema principal num desenvolvimento rápido. Precedendo a repetição, um intermédio ("et in spiritum sanctum"). O tempo se torna mais lento e os solistas expõem um novo tema. A seguir, vem a repetição muito resumida da forma-sonata interrompida sobre as palavras "et unam sancta catholicam" que, retomada, é seguida de uma coda.
O Sanctus é bem tradicional; a primeira parte lenta é majestosa seguida de uma conclusão plena de dinamismo ("Hosanna").
Inteiramente confiado aos solistas, o Benedictus é lírico e melancólico. Uma melodia bela, de estilo rococó, tem aqui de particular que se compõe de unidades assimétricas de cinco compassos, algo raro em Mozart. O coro retoma a primeira metade do "Hosana" após o que se ouve uma vez mais o tema do Benedictus e, a seguir, o movimento que termina sobre a segunda metade do referido "Hosana".
O Agnus Dei compõe-se de duas partes distintas - tanto no plano da tonalidade como da temática. A primeira é uma ária de soprano em fá maior, a única ária solo de toda obra. Sob o ponto de vista melódico, aí se encontram elementos relevantes do gênero operístico. Por fim, a ária modula em direção a ré maior e a seguir há o retorno do Kyrie sobre as palavras "Dona nobis pacem", primeiramente pelos solistas e depois por todo o coro.